O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebe, nesta segunda-feira (12), a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para reunião em Brasília.
O encontro com a líder da União Europeia tem como prioridade discutir o andamento do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a UE, que não tem acordo há pelo menos 20 anos.
A agenda ambiental e mobilizações globais diante da guerra entre a Rússia e a Ucrânia também devem ser discutidos.
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Em negociação há duas décadas, a concretização do tratado comercial é uma das apostas de Lula para o terceiro mandato como presidente, mas existem dificuldades devido a questões impostas por nações do bloco europeu, principalmente relacionados à proteção ambiental.
Várias lideranças do continente, por outro lado, sinalizaram que veem com “bons olhos” a mudança de governo e os discursos de Lula voltados à agenda climática.
O acordo de livre comércio está em negociação desde 1999, e foi assinado, no início do governo de Jair Bolsonaro (PL).
O documento não entrou em vigor porque ainda não foi ratificado.
O texto precisa ser aprovado pelos parlamentares de todos os países-membros dos dois blocos econômicos, além de passar por procedimentos internos de ratificação.
Caso seja concluído, o documento criará a maior zona de livre comércio no mundo.
Nos primeiros dias de gestão, Lula declarou que pretendia finalizar as negociações do tratado ainda no primeiro semestre deste ano.
No entanto, o mandatário tem sido mais cauteloso nos últimos meses, ao dizer que “a proposta ainda é impossível de aceitar”.
A viagem da presidente da Comissão Europeia também ocorre dias após o presidente dizer que só vai assinar a proposta caso os países signatários aceitem as condições do Brasil.
A União Europeia já declarou oficialmente que colocar o acordo comercial em vigor é considerado uma “prioridade”.
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Condicionais “muito rígidas”
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou em maio que a UE apresentou um documento adicional ao acordo com novas condicionais “muito rígidas” que são voltadas para proteção do meio ambiente.
Segundo Vieira, a medida contribuiu para deixar o documento “mais desequilibrado do que já é”.
“Esses condicionamentos ambientais criam condições extremamente difíceis porque fazem com que metas voluntárias do Acordo de Paris se tornem obrigatórias. Em consequência disso, podem abrir possibilidades de retaliação”, argumentou o chanceler brasileiro.
O ministro explicou que o governo brasileiro e as demais nações do Mercosul estão avaliando as novas demandas europeias.
“Agora, no mês de julho, haverá uma reunião da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) com a UE, e o Mercosul deve ter uma decisão definida e comum sobre essa proposta”, destacou.
Defendido como prioridade por Lula, acordo Mercosul-UE segue emperrado há 23 anos