Após a publicação de informações bancárias do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que revelaram o recebimento de R$ 17,1 milhões por meio de transferências realizadas por Pix, a defesa de Bolsonaro informou que a origem do dinheiro é “absolutamente lícita”.

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Os advogados do ex-mandatário condenaram a divulgação das informações, que chamaram de “vazamento” e alegaram que configura uma “criminosa violação de sigilo bancário”.

“Para que não se levantem suspeitas levianas e infundadas sobre a origem dos valores divulgados, a defesa informa que estes são provenientes de milhares de doações efetuadas via Pix por seus apoiadores, tendo, portanto, origem absolutamente lícita”, diz a defesa em comunicado para a imprensa.

A nota ainda informou que, nos próximos dias, adotará medidas legais cabíveis para investigar a autoria da divulgação dessas informações.

O ex-secretário de Comunicação Social (Secom) e advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, classificou como inadmissível o “vazamento” das informações bancárias do ex-presidente.

No Twitter, ele afirmou que o responsável pela divulgação dos dados será “criminalizado”. Wajngarten é um dos autores da nota emitida pela defesa de Bolsonaro.

PIX milionário

De acordo com relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o ex-presidente recebeu a quantia milionária em suas contas por meio de transferências entre os dias 1º de janeiro e 4 de julho de 2023.

O documento aponta também que esse valor foi movimentado através de 769 mil transações feitas para a conta de Bolsonaro.

A quantia arrecadada via Pix corresponde quase à totalidade dos R$ 18,5 milhões que circularam nas contas de Bolsonaro neste ano.

A cifra milionária recebida pelo ex-presidente seria resultado de uma vaquinha feita por apoiadores para ajudá-lo a pagar multas.

Porém, o montante arrecadado é 17 vezes maior do que o valor das infrações e equivale a oito vezes ao patrimônio de R$ 2,3 milhões declarado por Bolsonaro à Justiça Eleitoral.

Os registros bancários feitos pelo Coaf apontam que parte dos recursos arrecadados teriam sido convertidos em aplicações financeiras.

O ex-presidente tem evitado falar publicamente sobre o valor arrecadado na campanha.

No dia 26 de junho, ele disse apenas que já havia levantado o suficiente para pagar suas condenações processuais.

“A massa contribuiu com valores entre R$ 2 e R$ 22. Foi voluntário”, disse Bolsonaro na época, prometendo abrir os valores “mais para frente”.

A divulgação do relatório do Coaf tem movimentado a base de apoio do ex-presidente nas redes sociais.

Entre os críticos do “vazamento”, estão o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador do Rio, Carlos Bolsonaro (PL).

Os filhos do ex-chefe do Executivo classificaram a publicação dos dados do documento como “assassinato de reputação” e afirmaram que o País está no rumo para “virar uma Venezuela”.

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Ajudante de ordens de Bolsonaro

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel da ativa Mauro Cesar Barbosa Cid, também apareceu em relatório do Coaf.

O órgão indica que Cid recebeu depósitos de R$ 1,4 milhão em seis meses, com movimentações consideradas “atípicas”.

O levantamento parte da análise da movimentação bancária de Cid entre julho de 2022 a maio deste ano.

O Coaf destrinchou a vida financeira de Cid nos últimos dez meses e apontou quatro nomes que chamaram a atenção dos servidores

  • Um militar preso pela Polícia Federal;
  • Um “caixeiro viajante”, comerciante que faz negócios fora da cidade ou região em que mora;
  • Um ourives, que produz ou vende metais preciosos;
  • Um empresário, tio da esposa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

O relatório mostra que Cid enviou R$ 368 mil para os EUA em remessa “atípica” em janeiro de 2023, época em que Bolsonaro já estava no País.

O órgão afirma que a “movimentação elevada” pode indicar “tentativa de burla fiscal e/ou ocultação de patrimônio”.