Nesta quinta-feira (10), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, informou que a inflação deve ter alta até o fim de 2023.
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Conforme o gestor, a desoneração do preço de combustível no último semestre de 2022 impacta o índice atual e, quando retirado da conta, a inflação deve subir.
“Então, a gente tem que olhar a inflação de 12 meses, mas levar em consideração que, no ano passado, no último semestre, a gente teve essa queda por conta da desoneração [do preço de combustível], que retornou, e, portanto, a inflação vai ter um movimento de alta de 12 meses de agora até o fim do ano”, disse Campos Neto.
A declaração do presidente foi dada durante a sessão do Senado para explicar o trabalho realizado no 1° semestre e a política monetária atual.
Para o presidente da instituição, um dos pontos de preocupação para a autarquia é a inflação de serviços.
Segundo ele, a queda em ritmo lento pode prejudicar a busca por manter o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) próximo à meta.
“Quando a gente olha os segmentos de inflação, no caso do Brasil, o que preocupa hoje um pouco mais é a inflação de serviços, que tem caído, mas muito lentamente. Ela preocupa especialmente quando afeta uma inflação de salários”, disse o gestor.
Segundo o Poder360, a meta de inflação em 2023 é de 3,25%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.
Atualmente, o IPCA acumulado de 12 meses está em 3,16%. Nesta sexta (11), a inflação de julho deve ser anunciada.
Ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e demais senadores, Campos Neto explicou a política monetária, incluindo a taxa de juros, além de apresentar um relatório semestral sobre as atividades do Banco.
A medida está na Lei Complementar 179, de 2022, que assegurou autonomia à autoridade monetária, conforme o presidente do BC.
No artigo 11, a lei estabelece que “o presidente do Banco Central do Brasil deverá apresentar, ao Senado Federal, em arguição pública, no 1º e no 2º semestre de cada ano, relatório de inflação e relatório de estabilidade financeira, explicando as decisões tomadas no semestre anterior”.
Taxa Selic
No início de agosto, o Banco Central decidiu iniciar um ciclo de cortes e reduziu a Selic de 13,75% para 13,25% ao ano.
Essa redução está acima do corte de 0,25 ponto percentual que já era esperado pela maioria dos agentes financeiros e também está conforme o que quer o governo federal.
A equipe do presidente Lula tem cobrado uma diminuição maior dos juros.
A última redução da taxa básica de juros foi realizada na reunião de agosto de 2020, quando a instituição finalizou um ciclo de 9 reduções seguidas.
No momento, flexibilizava a política monetária para estimular a economia no período de pandemia de Covid-19.
Em março de 2021, o banco voltou a subir a Selic e realizou o maior ciclo de altas do século 21.
O BC elevou de 2% até 13,75% em agosto de 2022. Há 1 ano, os juros estavam no mesmo patamar.
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Na reunião do BC realizada em 2 de agosto, foi a primeira com a presença de indicações do governo Lula.
O ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, e o funcionário público Ailton Aquino participaram da decisão.
Desde o início o governo Lula, tem criticado o Banco e Roberto Campos Neto, presidente da instituição, por causa da taxa Selic elevada.
O Copom já havia sinalizado em junho que faria um corte de juros em agosto.
Segundo o BC, as decisões não são políticas e que é preciso respeitar a autoridade monetária.
O presidente do BC defende que a inflação descontrolada é um imposto perverso e uma queda precoce da Selic pode ser pior para o país.