Planta milenar, a maconha começou, no início do século XX, a ser vista com desconfiança nos Estados Unidos. O processo de criminalização do uso da planta teve suas raízes na imigração mexicana após a Revolução Mexicana de 1910.
Muitos migrantes trouxeram consigo o hábito de fumar maconha. Esse costume foi associado a comportamentos “indesejáveis” pelos nativos americanos, gerando preconceito e estigmatização.
Harry Anslinger, comissário do Federal Bureau of Narcotics (FBI), desempenhou um papel crucial na criminalização da maconha. Ele propagou ideias racistas e alarmistas, associando o uso da cannabis a crimes violentos e comportamentos imorais. Em 1937, o “Marihuana Tax Act” foi aprovado, efetivamente criminalizando a planta.
Maconha, racismo e estigmatização
A criminalização da maconha nos Estados Unidos esteve profundamente ligada a posturas racistas. Anslinger utilizou narrativas que associavam o uso da maconha a minorias étnicas, particularmente afro-americanos e mexicanos.
Ele alegava que a cannabis levava à violência e ao comportamento sexual promíscuo entre essas populações. Essa retórica racista ajudou a solidificar o estigma contra a maconha e seus usuários e usuários.
Dos EUA para o mundo
A criminalização da cannabis não ficou restrita aos Estados Unidos. A influência global dos EUA, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, levou muitos países a adotar políticas semelhantes.
As convenções internacionais sobre drogas, como a Convenção Única sobre Entorpecentes de 1961, pressionaram nações ao redor do mundo a criminalizar a maconha. Sob liderança americana, a ONU implementou políticas que classificaram a cannabis como uma substância perigosa, incentivando a adoção de medidas severas em diversos países.
Os Estados Unidos usaram sua influência diplomática e econômica para promover uma abordagem repressiva contra a cannabis em nível global. Assim, muitos países implementaram leis rigorosas contra a planta, refletindo a política americana e suas consequências sociais e legais.
A Guerra contra as drogas
Em 1971, o presidente Richard Nixon declarou a “Guerra Contra as Drogas”. Ele classificou o uso das substâncias como “inimigo público número um” dos Estados Unidos.
Essa política levou ao aumento da criminalização e à intensificação da repressão contra usuários de drogas, com foco particular em minorias raciais. A Lei de Substâncias Controladas, de 1970, já havia colocado a maconha na categoria mais restritiva, a “Schedule I”, indicando um alto potencial de dano e nenhum uso médico aceito.
A Guerra Contra as Drogas resultou em um aumento significativo das taxas de encarceramento, especialmente entre afro-americanos e latinos. Políticas severas, como sentenças mínimas obrigatórias, contribuíram para a superlotação das prisões e para disparidades raciais no sistema de justiça criminal.
Novos tempos
Atualmente, a situação da maconha nos Estados Unidos está em transformação. Vários estados têm desafiado as políticas federais, legalizando o uso medicinal e recreativo da cannabis.
Até 2024, 23 estados e o Distrito de Columbia já haviam legalizado a maconha para uso recreativo, incluindo Califórnia, Colorado e Nova York. Outros estados permitem o uso medicinal.
A mudança nas leis refletiu uma crescente aceitação pública da maconha. Pesquisas mostram que a maioria dos americanos apoia a legalização. A indústria da cannabis se tornou uma força econômica significativa, gerando empregos e receitas fiscais.
No entanto, desafios persistem. A maconha permanece ilegal sob a lei federal, criando um complexo cenário legal para empresas e consumidores.
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