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Abin paralela: PF desvenda funcionamento do esquema

Jair Bolsonaro teria criado uma “Abin paralela” para atacar adversários - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Relatório da Polícia Federal (PF) aponta que, enquanto presidente, Jair Bolsonaro (PL) usou a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para atender a interesses pessoais.  A informação veio a público nesta quinta-feira (11), quando o ministro Alexandre de Moraes retirou o sigilo da mais recente fase da Operação Última Milha.

Este é o nome dado à investigação iniciada em 2023, a respeito do que ficou conhecido como “Abin paralela”.    Bolsonaro teria reunido recursos humanos e materiais em torno da agência. O objetivo seria desenvolver uma série de atividades clandestinas, como o monitoramento de políticos, ministros do STF e jornalistas.

“A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos”, diz a PF.

Nesta fase da operação, policiais cumpriram cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão. As ações foram em Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP).

Conexões

Para Alexandre de Moraes, o esquema da Abin paralela contribuiu, “direta ou indiretamente” para os atos de 8 de janeiro. Segundo o ministro, a suposta espionagem ilegal ajudou a incitar a tentativa de golpe de Estado “mediante a difusão de notícias falsas contra opositores, inclusive atacando todo o aparato eletrônico de votação”

Em sua decisão, Moraes justificou as prisões, contrariando parecer da Procuradoria Geral da República (PGR), com a potencial ameaça que os investigados representavam para as apurações.

“Como se vê, sobressai dos autos a gravidade diferenciada das práticas ilícitas em questão, do que decorre a necessidade da garantia da ordem pública e a necessidade de preservação da investigação criminal, notadamente em razão dos investigados poderem continuar obstruindo as investigações policiais, uma vez que eles possuem dados e variados contatos obtidos de forma ilícita durante as suas participações na referida estrutura espúria infiltrada na Abin”, escreveu

Diversos adversários

O relatório da PF escancara as atividades da Abin paralela em diversas frentes.  Há evidências de atuação para defender os filhos Flávio e Renan Bolsonaro de investigações oficiais. 

Há também monitoramento de parlamentares, como o senador Alessandro Vieira (MDB-SE).  A ação teria ocorrido nos dias em que Vieira atuava na Comissão Parlamentar de Inquérito que investigava ações do então presidente Jair Bolsonaro no contexto da pandemia de Covid.

A investigação também aponta o monitoramento ilegal dos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, com o objetivo de levantar suspeitas sobre a credibilidade do sistema eleitoral. 

Ramagem

O senador Flávio Bolsonaro se manifestou pelas redes sociais. Disse que a divulgação do relatório de investigação tem o objetivo de prejudicar a candidatura de Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro.

“Simplesmente não existia nenhuma relação minha com Abin. Minha defesa atacava questões processuais, portanto, nenhuma utilidade que a Abin pudesse ter. A divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, apenas tem o objetivo de prejudicar a candidatura de Alexandre Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro”, afirmou.

Ramagem (PL-RJ) é uma figura central neste caso.  Policial Federal, amigo da família presidencial, chefiou a Abin, sob nomeação do então presidente Jair Bolsonaro.      

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