A Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um alerta sobre as alterações no nível do mar previstas para os próximos anos, destacando o avanço do mar no litoral do Brasil.

Durante o Fórum das Ilhas do Pacífico, realizado em Tonga nesta segunda-feira (26), o chefe da ONU, António Guterres, divulgou um relatório que destaca os riscos para as Ilhas do Pacífico.

Guterres alertou que a região enfrenta um grave perigo devido às emissões de gases de efeito estufa, principalmente causadas pela queima de combustíveis fósseis.

Ele explicou que, embora as ilhas do Pacífico contribuam com apenas 0,02% das emissões globais, elas são extremamente vulneráveis.

O relatório revelou que 90% da população dessas ilhas vive a menos de 5 km da costa, e metade da infraestrutura está situada a menos de 500 metros do mar.

Além disso, o documento apontou que o avanço do mar já supera a média global. Isso ocorre pelo derretimento de camadas de gelo e pelo aquecimento global.

No Brasil, as queimadas que atingem várias regiões favorecem o aquecimento global.

Guterres alertou que o aumento “sem precedentes” dos níveis do mar pode desencadear uma catástrofe global, ameaçando cidades costeiras em todo o mundo e colocando bilhões de vidas em risco.

Ele enfatizou que, sem uma ação climática imediata e coordenada, o futuro das próximas gerações estará em perigo, com consequências devastadoras, como a destruição de comunidades inteiras e danos econômicos incalculáveis.

O estudo também mostrou que, desde 1980, as temperaturas da superfície do mar na região do Pacífico aumentaram três vezes mais rápido do que a média global.

As ondas de calor marinhas se tornaram mais frequentes, intensas e duradouras, agravando ainda mais a situação.

Impactos

O relatório revelou que duas cidades no Brasil serão diretamente afetadas pelo avanço do mar: Rio de Janeiro e Atafona, um distrito de São João da Barra, no Norte Fluminense.

Entre 1990 e 2020, o nível do mar subiu 13 cm nessas duas localidades. A projeção indica que, de 2020 a 2050, esse aumento será de 16 cm.

Além disso, Guterres destacou que o aumento do nível do mar ameaça a pesca, o turismo e coloca em risco cerca as pessoas que vivem em áreas costeiras.

“Esta é uma situação louca. O aumento do nível do mar é uma crise inteiramente criada pela humanidade, uma crise que logo aumentará para uma escala quase inimaginável, sem um bote salva-vidas para nos levar de volta à segurança. Mas se salvarmos o Pacífico, também nos salvaremos”, disse Guterres.