Adiantar os relógios em uma hora era prática comum entre os brasileiros até 2019, quando foi extinto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. O horário de verão voltou à tona após o vice-presidente, Geraldo Alckmin, anunciar que o governo está avaliando implementar a prática para mitigar os impactos da seca no setor energético.

A equipe do Ministério de Minas e Energia (MME) enxerga a medida como uma alternativa para poupar recursos do sistema elétrico e garantir o fornecimento de energia. Além disso, a proposta atende interesses dos setores de turismo, bares e restaurantes, pois gera renda extra aos negócios.

Especialistas apontam que o horário de verão é bem-vindo diante do período de urgência climática enfrentado pelo país.

Impactos positivos

O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialista em planejamento energético, Vanderlei Martins, afirma que quando o horário de verão deixa de existir, os estudos sobre a importância dele foram rasos.

“O horário de verão não afeta somente o setor energético, também tem efeitos em outros setores, pois há mudança no padrão de consumo das pessoas. Boa parte da população talvez aproveite mais uma hora solar com outras atividades, e com isso, reduza o horário de ponta nas residências”, explica o professor.

Para o gerente de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), Ricardo Baitelo, o horário de verão foi aplicado durante muito tempo e trouxe benefícios positivos. “Há uma situação atual no Brasil onde a gente tem um gargalo, principalmente entre 18h e 22h, o chamado horário nobre, quando as pessoas tem um consumo maior de ar condicionado, televisão. É justamente o momento que a energia solar vai embora, sobrecarregando o sistema energético”, destaca Ricardo.

De acordo com o especialista, o momento atual tem outro agravante: a seca. “Com a redução de chuvas, estamos com os reservatórios muito abaixo do esperado. Quando isso acontece temos que repor a geração de energia por outras formas, ainda mais nesse final de ano, quando entramos em um período em que a energia eólica contribui menos com o sistema”.

A energia solar é a segunda de maior geração energética no Brasil, que conta com uma matriz diversificada e 90% renovável. “Mas a gente ainda tem a lição de casa que é substituir esse 10% de energia fóssil por renovável”, conclui o especialista do IEMA.

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