Nesta quinta-feira (3), a Justiça do Distrito Federal suspendeu os resultados das provas do Bloco 4 do Concurso Nacional Unificado (CNU).

O bloco abrange Trabalho e Saúde do Servidor. Além disso, tem 329.811 inscritos e 340 candidatos por vaga.

Com essa decisão, o governo não poderá divulgar as notas dos candidatos até que o caso seja resolvido.

A suspensão ocorreu porque um malote com as provas foi aberto em Recife (PE), permitindo que os candidatos de uma sala acessassem as questões da tarde pela manhã.

“A liminar suspende os efeitos da prova do Bloco 4 do CNU devido ao vazamento em Recife (Escola de Referência em Ensino Médio Jornalista Trajano Chacon). O caderno de questões da tarde foi entregue por engano na manhã. A União reconhece o erro, mas nega o vazamento, afirmando que as provas foram recolhidas antes do início. No entanto, o autor popular apresentou provas que contradizem essa alegação,” explicou a Justiça.

A Justiça também intimou o governo, a Fundação Cesgranrio, responsável pela aplicação das provas, e o Ministério Público Federal para que apresentem pareceres antes do julgamento.

Adicionalmente, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), que organiza o concurso, informou que ainda não foi notificado da decisão.

“O Governo reafirma seu empenho para garantir a continuidade regular do certame,” conclui a nota.

Ação

O advogado Igor Oliva de Souza, que protocolou a ação, explicou ao Portal Norte, nesta sexta-feira (4), que foi constatado o vazamento de questões durante a aplicação do concurso.

Segundo ele, houve troca de provas, permitindo que candidatos tivessem acesso antecipado às questões da tarde.

“Uma das candidatas, ao sair durante o intervalo, enviou um e-mail às 12h51 para a banca, relatando o que aconteceu na sala de aplicação de provas,” contou.

Ele destacou que, com base no e-mail e em gravações, ficou evidente que houve vazamento.

O advogado ressaltou que essa situação compromete a lisura do concurso, tornando impossível garantir a segurança do processo seletivo. Por isso, a ação popular foi protocolada com base no vazamento e nas evidências apresentadas.

Além disso, outras testemunhas serão ouvidas na fase instrutória da ação. Igor enfatizou que a suspensão do concurso precisa ocorrer antes do dia 8 de outubro, para que seja garantida a imparcialidade nos resultados.

“Se deixarmos para depois, surgirão discussões que se relacionam mais a interesses pessoais do que ao interesse público e jurídico,” explicou.

Ele também destacou que, ao entrar com o processo, a União foi intimada a apresentar uma explicação sobre os pedidos relacionados à liminar em um prazo de cinco dias

No entanto, Igor apontou que a resposta da União foi genérica e faltou documentação que comprovasse a segurança do concurso.

“Os documentos apresentados estavam sem data, nome, assinatura e local,” criticou ele, chamando a situação de “terrível”.

Diante da falta de provas apresentadas pela União nesta fase inicial, o juiz deferiu a liminar, agindo dentro dos limites da lei.

Por fim, o magistrado afirmou que essa decisão garantiu um concurso justo para todos os candidatos.

O governo liberou as imagens dos cartões de respostas dos candidatos que participaram do exame no dia 10 de setembro.