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Em crise, saúde pública do DF deve revisar política de atendimento às emergências

Em crise, saúde pública do DF deve revisar política de atendimento às emergências

Em crise, saúde pública do DF deve revisar política de atendimento às emergências. Foto - Marcello Casal/ Agência Brasil

A rede pública de saúde do Distrito Federal vive um cenário de escassez de recursos humanos e déficit de leitos nas áreas de pediatria e clínica médica.

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) ajuizou uma ação civil pública para que o Distrito Federal e o Instituto de Gestão Estratégica do Distrito Federal (Iges-DF) revisem a política pública de atenção às emergências da rede pública de saúde.

Na ação, o MPDFT requisita a apresentação de estudo pormenorizado que contemple o déficit de leitos hospitalares e a insuficiência de profissionais de saúde.

Além disso, pede um diagnóstico da capacidade de atendimento hospitalar de urgência e emergência dessas especialidades.

No material, devem constar a quantidade atualizada e as condições estruturais dos leitos de retaguarda de todas as unidades hospitalares.

Doenças sazonais

O Ministério Público requer ainda a elaboração e a execução de plano de ação emergencial para o enfrentamento de doenças sazonais, como as respiratórias e a dengue.

“Esse planejamento visa garantir a adequação e a conformidade da assistência à saúde no período de crise que já é previsto e esperado, segundo os parâmetros epidemiológicos do Distrito Federal”, explicam os promotores de justiça.

O longo período de estiagem, a baixa umidade do ar e os recordes de temperatura no Distrito Federal têm causado impactos na saúde da população, favorecendo o aumento de doenças respiratórias.

Dois casos de febre maculosa também foram registrados no Distrito Federal durante recordes de seca nos últimos meses.

Consequências

Se condenados pela desassistência à saúde da população, em razão da precariedade e da inadequação dos atendimentos de urgência, o Distrito Federal e o Iges-DF poderão pagar até R$ 5 milhões por danos morais coletivos.

Após fiscalizações na rede pública de saúde, os promotores de justiça apuraram que a quantidade de unidades de pronto atendimento (UPAs) no Distrito Federal são suficientes.

Entretanto, há necessidade de investimento nos leitos de retaguarda, na atenção hospitalar e na atenção primária.

De acordo com os promotores, as UPAs têm funcionado como locais de internação de pacientes, que ali permanecem durante todo o tratamento, algumas vezes por mais de 20 dias.

“Como consequência, as unidades de saúde estão sempre superlotadas, com quantitativo de profissionais de saúde sempre insuficiente para o atendimento dos pacientes que aguardam na porta. Esse círculo vicioso faz com que, tanto as UPAs, quanto os hospitais, estejam sempre com bandeira vermelha, ou seja, incapazes de atender a população do Distrito Federal”, explicam na ação.

Para os promotores de justiça, a ação é uma resposta necessária à precariedade na prestação de serviços, uma vez que os pacientes enfrentam “verdadeira via crucis até conseguir atendimento digno, perambulando de unidade em unidade de saúde, enfrentando sucessivas negativas e restrições de atendimento, grandes filas, impossibilidade de acesso à internação em leito hospitalar e, por conseguinte, privação ao direito fundamental à saúde”.

Fila de espera

Lázaro Venicio de Souza, de 44 anos, é um dos pacientes na fila de espera. Com o braço quebrado há um ano, ele aguarda uma cirurgia na ortopedia do Hospital Regional de Taguatinga (HRT), no Distrito Federal.

Ele, que é pintor, está internado há quase dois meses, aguardando o procedimento. Lázaro Venicio quebrou o braço em 22 de outubro de 2023, após cair do telhado de sua residência.

Como resultado, ele fraturou o úmero ao meio e foi levado de ambulância ao HRT.

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