O longo período de estiagem, a baixa umidade do ar e os recordes de temperatura no Distrito Federal têm causado impactos na saúde da população, favorecendo o aumento de doenças respiratórias. 

Segundo a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), na primeira semana de setembro de 2024, o número de atendimentos relacionados a síndromes respiratórias totalizou 5.193. A quantidade é 32% maior em relação ao mesmo período no ano anterior, quando foram registrados 3.931 atendimentos.

A médica pneumologista do Hospital DF Star, Milena Zamian, destaca que o aumento dos casos de infecções respiratórias nos últimos meses coincidiu também com o período de pior qualidade do ar devido às queimadas.

“O período de estiagem mais prolongado este ano, associado a temperaturas mais altas e maior incidência de queimadas, em conjunto, acarretam em qualidade ruim do ar, com maior quantidade de partículas e poluentes em suspensão”, avalia a médica. 

Diante desse cenário, ela aponta que há um maior ressecamento e irritação das mucosas respiratórias, “com consequente redução das barreiras de proteção natural contra agentes infecciosos e a maior probabilidade de exacerbação de doenças respiratórias inflamatórias”.

O médico pneumologista, Thiago Fuscaldi, explica que a fumaça tem vários materiais particulados que quando inspirados em grande quantidade se depositam nas porções mais profundas do pulmão.

“E esses materiais vão causar inflamação na mucosa respiratória e gerar sintomas, fazendo com que doenças controladas, como asma, bronquite e rinite, possam se agudizar. Além disso, piora o sistema imunológico, que tenta combater os poluentes e acaba ficando mais suscetível a infecções”, acrescenta.

Além disso, a seca é uma época em que a fumaça e a poeira ficam mais tempo no ambiente. “A umidade ajuda a limpar o ar, por isso, problemas respiratórios acabam sendo favorecido durante esse período”, afirma o pneumologista.

Dentre as doenças respiratórias mais comuns estão doenças infecciosas, como resfriados comuns, Covid-19 e Influenza, e as doenças inflamatórias como rinite, asma e bronquites.

Coqueluche

Outra doença que tem se espalhado por todo o país é a coqueluche. Em um intervalo de dois meses, os casos da doença quase triplicaram no DF. O salto foi de 44 infecções confirmadas em 31 de julho para 127 em 27 de setembro, um aumento de 188%.

Em todo o ano de 2024, foram notificados 330 casos suspeitos de coqueluche. Outros 44 casos ainda estão em investigação, e 156 já foram descartados.  A coqueluche é uma doença infecciosa bastante contagiosa, causada por uma bactéria chamada Bordetella pertussis. 

O principal sintoma que a diferencia de outras doenças é a tosse intensa. “Outro sintoma bastante característico dessa doença é o que chamamos de guincho, um som agudo ao final da crise longa de tosse. A duração mais prolongada e a tosse característica são o que a diferencia das demais infecções respiratórias”, explica Milena Zamian. 

A Secretaria de Saúde do DF orienta que, neste período de seca e queimadas, é importante ingerir bastante líquido; fechar portas e janelas; usar máscara próximo a locais de incêndios e buscar ajuda médica quando necessário.