O empresário William Rogatto admitiu, nesta terça-feira (8), que lucrou aproximadamente R$ 300 milhões com um esquema de manipulação de apostas de jogos de futebol no Brasil.

Durante seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, ele explicou que esse esquema envolveu o rebaixamento de 42 times.

Além disso, Rogatto afirmou que o esquema de manipulação existe há mais de 40 anos e criticou a relação entre clubes de futebol e casas de apostas, chamando essa situação de “a maior hipocrisia do mundo”.

Ele também revelou que atuou nas federações de futebol de todos os estados brasileiros, no Distrito Federal e em nove outros países, incluindo a Colômbia.

Em seu depoimento, Rogatto se declarou réu confesso e destacou que “o esquema de manipulação dos jogos só perde para política e o tráfico de drogas, em termos de valores”.

Nesse contexto, ele prometeu compartilhar detalhes do “complexo sistema” de manipulação, incluindo fotos, vídeos, negociações, gravações e conversas.

Atualmente, a Operação Fim de Jogo, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), e a Operação Jogada Ensaiada, conduzida pela Polícia Federal, investigam Rogatto.

Ele declarou aos senadores que o sistema de manipulação “é muito maior do que se imagina e está profundamente enraizado dentro da CBF e das federações de futebol”.

Embora Rogatto tenha afirmado que possui provas e vídeos, ele afirmou que “os grandes não vão cair nunca” e que “a maior máfia está dentro da federação”.

Por fim, ele se dispôs a pagar por seus crimes, se necessário, mas enfatizou que acredita que o esquema não será desmantelado.

Assim, Rogatto concluiu que, apesar das investigações e das vítimas do sistema, a manipulação de jogos continuará a existir.

Isso, devido à sua longa história e profunda integração no mundo do futebol.

Lucas Paquetá na CPI

A CPI das Apostas Esportivas do Senado deve ouvir ainda neste semestre o jogador Lucas Paquetá.

O presidente da CPI, senador Jorge Kajuru, e o vice-presidente, senador Eduardo Girão, apresentaram e aprovaram em 18 de junho a convocação do atleta.

Os parlamentares consideram essencial ouvir Paquetá devido às denúncias da Federação Inglesa de Futebol (FA) sobre má conduta do jogador em apostas em jogos da Premier League.

Além disso, Kajuru e Girão destacaram a acusação de que Paquetá teria forçado cartões amarelos em partidas realizadas entre novembro de 2022 e agosto de 2023.

As investigações, iniciadas em 2023, após um cartão amarelo em uma partida do Aston Villa, levaram ao seu afastamento da seleção durante o processo.

Lucas Paquetá negou todas as acusações.

Ainda não há definição da data da oitiva, mas Kajuru destacou que o colegiado deve estender os trabalhos até o final do ano.