Entre janeiro e setembro de 2024, incêndios consumiram 8,4 milhões de hectares do Cerrado, um aumento de 117% em relação ao mesmo período do ano anterior.

As fazendas foram as mais afetadas, com 3,9 milhões de hectares queimados, representando quase metade do total.

Em seguida, as Terras Indígenas sofreram com 2,8 milhões de hectares incendiados.

Além disso, áreas militares, unidades de conservação e terras públicas não destinadas também registraram aumento.

Por outro lado, quilombos e assentamentos foram os únicos territórios que apresentaram redução na área queimada em comparação com a média dos anos anteriores.

O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) divulgou essas informações na semana passada.

Em relação ao tipo de vegetação, a formação savânica, típica do Cerrado, foi a mais atingida.

Logo depois, os campos alagados, que são zonas úmidas em determinadas épocas do ano, ficaram em segundo lugar, seguidos por áreas de uso agropecuário.

Aumento de queimadas na fronteira agrícola

Na região que abrange partes dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, conhecida como fronteira agrícola, o aumento da área queimada foi de 58% em comparação a 2023.

Essa área, marcada pela expansão de pastos e lavouras de monocultura, principalmente soja, sofreu um aumento significativo.

Segundo uma nota técnica do Ipam, o fogo faz parte do ciclo natural do Cerrado, sendo comum na transição entre a estação chuvosa e a seca, quando os raios causam incêndios.

No entanto, a ação humana tem alterado o processo natural, resultando em incêndios mais frequentes e intensos durante a seca.

Além disso, a nota destacou que incêndios criminosos, intencionados para queimar grandes áreas sem controle, são os principais responsáveis pelas ocorrências de fogo durante a seca.

Esses incêndios causam grandes prejuízos socioeconômicos e ambientais.

Adicionalmente, o uso do fogo para atividades agropecuárias, como a preparação do solo e o manejo de pastagens, contribuiu para o aumento das áreas queimadas durante a seca.

No Distrito Federal, a Polícia Federal (PF) instaurou inquéritos para apurar as causas e os responsáveis por queimadas que devastaram diversas áreas de preservação.

Além disso, a Polícia Civil (PCDF) suspeita da atuação de grileiros nos incêndios que atingiram vegetações.