Os golpes emocionais, especialmente em aplicativos de relacionamento, têm se tornado cada vez mais comuns, alertam autoridades.

Esse tipo de estelionato se caracteriza pela manipulação emocional das vítimas com o objetivo de obter vantagens financeiras.

Classificado no Artigo 171 do Código Penal, o estelionato sentimental também se enquadra como violência patrimonial pela Lei Maria da Penha.

Como funcionam os golpes?

De acordo com Isabel Moraes, delegada da Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, Propriedade Material e Fraudes (Corf) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), “O golpista usa uma persuasão amorosa. Ele finge ser alguém que atrai a vítima, conquistando sua confiança, para, então, pedir dinheiro ou favores financeiros”.

Os relacionamentos se intensificam por meio de conversas em aplicativos, ligações e mensagens, criando uma conexão que pode parecer genuína.

Sinais de alerta

Os especialistas destacam alguns sinais que podem indicar um golpe emocional.

Relacionamentos que evoluem rapidamente, seguidos por pedidos financeiros, são um dos principais indícios.

Além disso, perfis online com informações vagas ou fotos excessivamente perfeitas, assim como contradições sobre identidade, profissão ou histórico familiar, são motivos para desconfiança.

Karina Duarte, delegada chefe adjunta da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), observa que “Acontece [o golpe] tanto com homem, quanto com mulher. Mas as mulheres a partir de 40 anos, que estão carentes, passando por uma fragilidade emocional, tendem a ser mais vítimas do golpe”

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) também divulgou dados que mostram que mulheres mais velhas, muitas vezes solitárias, são alvo fácil para os golpistas.

Medidas de proteção

Para se proteger, é crucial prestar atenção a alguns sinais. É comum que golpistas usem as redes sociais para se conectar com as vítimas, muitas vezes com identidades falsas.

Eles inventam histórias que possam justificar os pedidos de dinheiro, normalmente alegando algum tipo de emergência.

E para se defender, uma boa prática é compartilhar informações sobre relacionamentos virtuais com familiares e amigos.

A delegada sugere: “Quando está se relacionando na internet, não deixe isso em segredo. Divida essas questões com alguém da sua confiança. Se o namoro for virtual, tente sempre fazer contato por chamada de vídeo, porque torna mais difícil para o falsário. Se a pessoa pedir dinheiro em pouco tempo de relacionamento, suspeite de antemão e divida isso com alguém, porque a chance é muito grande de ser golpe”, alerta Karina.

O que fazer se você foi vítima?

Caso você se torne vítima de um golpe, é vital preservar evidências. Salve prints das conversas, endereços, e-mails e telefones.

Se você fez transferências, guarde os recibos, pois podem ser cruciais para a investigação.

Registrar um boletim de ocorrência é igualmente importante para fornecer dados sobre o suspeito.

Além do prejuízo financeiro, o estelionato amoroso pode impactar negativamente a saúde mental da vítima.

Buscar apoio psicológico é altamente recomendado para quem passa por essa situação.

Atualmente, existem dois projetos de lei em trâmite no Congresso Nacional que visam tipificar o estelionato amoroso no Código Penal, com o intuito de aumentar as penas para esse tipo de crime.

Com o aumento dos relacionamentos online, a conscientização sobre os riscos do estelionato sentimental se torna fundamental.

Esteja atento aos sinais de alerta e compartilhe suas experiências com pessoas próximas.

A proteção e a informação são as melhores armas contra esses golpes emocionais.

*Com informações da Agência Brasília