A favela de Sol Nascente, localizada em Brasília (DF), perdeu o título de maior favela do Brasil para a Rocinha, no Rio de Janeiro, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Censo Demográfico de 2022.

A nova atualização aponta que a Rocinha abriga 72.021 moradores, enquanto Sol Nascente conta com 70.908 pessoas, uma diferença de 1.113 habitantes.

Esses números fazem parte do levantamento sobre favelas e comunidades urbanas, que revelou que as 20 maiores favelas do país abrigam um total de 858.649 pessoas, representando 5,5% da população brasileira residente em comunidades (16.390.815).

O Censo identificou que as regiões Norte e Sudeste concentram a maior parte dessas populações, com 8 das 20 maiores favelas localizadas no Norte e 7 no Sudeste. Apenas uma está no Centro-Oeste, em Brasília.

O conceito de favela, conforme definido pelo IBGE, refere-se a áreas populares originadas por iniciativas da população para suprir as carências de moradia, frequentemente diante da falha nas políticas públicas e investimentos privados.

De acordo com o levantamento, o país possui 12.348 favelas, e a Rocinha segue sendo a maior em termos de população.

Entre as maiores favelas, destacam-se também Paraisópolis (SP) com 58.527 habitantes e Cidade de Deus, em Manaus, com 55.821 moradores.

No contexto regional, os estados com as maiores proporções de população vivendo em favelas são o Amazonas (34,7%), Amapá (24,4%) e Pará (18,8%).

Mudanças no perfil demográfico das Favelas

O perfil racial das favelas também apresenta diferenças importantes em comparação com a população geral.

A proporção de pessoas que se declararam pardas (56,8%) e pretas (16,1%) nas favelas é superior à média nacional (45,3% e 10,2%, respectivamente).

Por outro lado, a população branca representa 43,5% no total do país, mas apenas 26,6% nas favelas.

Além disso, a população das favelas é predominantemente jovem, com uma idade mediana de 30 anos, contra 35 anos na média nacional.

O índice de envelhecimento é também inferior nas favelas, com 45 idosos para cada 100 crianças, comparado aos 80 idosos para cada 100 crianças da população geral.

Desafios e oportunidades nas Favelas

O levantamento do IBGE ainda revela que, nas favelas e comunidades urbanas, há uma quantidade expressiva de estabelecimentos religiosos, com 6,5 templos para cada escola, uma proporção que indica a relevância de espaços de fé para as populações dessas áreas.

Em contrapartida, as favelas concentram apenas 3% dos estabelecimentos de ensino e 1,1% dos de saúde, ressaltando a carência de infraestrutura nessas regiões.

Em termos de desenvolvimento, cerca de 64,3% dos estabelecimentos nas favelas são de comércio e serviços, enquanto 29,1% estão em construção ou reforma.

A situação indica uma falta de espaços adequados para serviços públicos essenciais, como saúde e educação, o que coloca a população em uma posição de vulnerabilidade.