Após 420 noites de observação intensa, cientistas produziram o mapa mais detalhado já feito da Via Láctea, com mais de 1,5 bilhões de objetos mapeados. A pesquisa contou com a colaboração de mais de 140 astrônomos de diversas partes do mundo, incluindo 14 pesquisadores brasileiros, que ajudaram a desvendar e registrar características inéditas da nossa galáxia em um gigantesco mapa infravermelho.

Esse projeto utilizou o telescópio VISTA (Visible and Infrared Survey Telescope for Astronomy), do Observatório Europeu do Sul (ESO), situado no Chile. Equipado com uma câmera infravermelha de alta capacidade, o VISTA permitiu que os astrônomos observassem regiões além das nuvens de poeira e gás que obscurecem muitas áreas da galáxia.

Com a tecnologia infravermelha, foram capturadas cerca de 200 mil imagens, resultando em um conjunto de dados dez vezes mais amplo do que o levantamento anterior, feito pela mesma equipe em 2012.

Exploração de objetos inéditos na Via Láctea

Durante o mapeamento, os astrônomos descobriram objetos e fenômenos de extrema relevância para a compreensão da nossa galáxia. Entre as descobertas estão os antigos aglomerados globulares, algumas das estruturas mais velhas da Via Láctea, e as chamadas estrelas hipervelozes, que são expulsas do núcleo da galáxia por um buraco negro supermassivo. Também foram observadas as janelas de baixa extinção, que permitem uma visão mais profunda das regiões distantes da galáxia, ultrapassando as barreiras de poeira e gás.

Outras descobertas de destaque incluem as estrelas anãs marrons e os planetas flutuantes binários, objetos de pouca luminosidade que não orbitam uma estrela específica, além dos curiosos WITs (acrônimo de “What Is This?”, que significa “O que é isto?“), um grupo de objetos variáveis cuja natureza ainda não é bem compreendida. Esses achados são fundamentais para avançar na compreensão sobre a diversidade e os processos da Via Láctea.

Futuro da pesquisa

Esse extenso levantamento de dados gerou mais de 300 publicações científicas, além de contribuir para 30 teses de doutorado na América do Sul e na Europa. Com o processamento das imagens ainda em andamento, a equipe prevê que novas descobertas poderão surgir, trazendo contribuições importantes para o campo da astronomia.

A publicação desse trabalho na revista Astronomy & Astrophysics reforça a relevância das descobertas e destaca o Brasil como um parceiro ativo na exploração científica do universo. Os próximos passos do projeto envolvem análise detalhada dos dados para desvendar ainda mais segredos da nossa galáxia, possibilitando novos avanços na astronomia.