Nesta quarta-feira, 22, o Comitê de Política Monetária (Compom) do Banco Central subiu a taxa básica de juros para 6,25% ao ano, sendo a quinta alta seguida. O Copom avaliou que a inflação está alta, alguns preços vão continuar pressionados e o risco de descontrole das contas públicas se mantém elevado. 

Entre os economistas, é comum a avaliação de que o Banco Central está combatendo a inflação sozinho. A taxa de juros funciona como um muro de contenção da inflação. Quanto mais sobe, mais segura os preços. A lógica é desestimular o consumo porque fica mais caro pegar dinheiro emprestado.

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Trazendo para a realidade do nosso estado, o Portal Norte de Notícias conversou com o economista e professor Orígenes Martins.

Segundo ele, é perceptível um cenário em que a população já está comprando menos devido a alta dos preços. Como consequências negativas, ocorre o encarecimento também por conta da logística. 

“A inflação com suas flutuações e consequente utilização da taxa de juros por parte do Banco Central, são fatores macroeconômicos. Sua ação e seus remédios geralmente são olhados de maneira genérica em relação ao país, apesar de todas as diversidades que nossa terra apresenta. Por isso mesmo, o Amazonas sofre algumas consequências negativas, pois alguns fatores não são levados em conta a nível macro. Um deles é a questão logística, que encarece nossos produtos e os insumos da nossa produção”, explica Martins.

O economista ressalta ainda que a isenção fiscal presente na região não chega a determinados produtores.

“Temos uma região beneficiada por um modelo de isenção fiscal que favorece um grupo de produtores, porém não chega diretamente aos pequenos e médios, deixando as famílias sem acesso ao crédito mais barato. Atualmente, com o custo do crédito cada vez mais alto, a priorização do consumo e a educação financeira seriam essenciais, mas sabemos que nenhum dos dois são utilizados, infelizmente”, disse Orígenes.

Os economistas explicam também que os preços estão altos porque está caro produzir, considerando os aumentos da energia, dos combustíveis e do dólar, que subiu também por causa do risco político e encareceu demais a matéria-prima da indústria.

Para o economista Ailson Rezende, quando se fala em alta dos juros é importante atentar também para a questão dos juros compostos.

“Esta elevação da taxa Selic, que é a taxa referencial de juros da economia brasileira, faz com que os financiamentos fiquem mais caros. Todas as compras a prazo sentem o reflexo deste aumento na taxa Selic. Quanto maior o prazo de pagamento, maiores os juros embutidos no valor do bem ou serviço financiado. A Selic subiu de 5,25% para 6,25%, uma elevação de 1 ponto percentual. Parece pequena a elevação, mas considerando que são juros compostos, 1% em 12 meses significa 12,68%, em 2 anos será 26,97% e em 3 anos 43,08%, destaca Rezende.

Alison chama atenção ainda para os financiamentos de longo prazo. O consumidor deve atentar para possíveis armadilhas que certas compras acabam se transformando.

“No caso de financiamentos com prazos maiores, como financiamento de veículos e imóveis, os juros podem dobrar o valor do bem adquirido”, alerta o economista.

No setor industrial, Rezende acredita que os investimentos também ficam prejudicados, pois a aquisição dos maquinários utilizados na fabricação de produtos fica mais caro e os preços dos produtos precisam ser elevados.

No comércio, ele diz que a situação não é diferente também, pois a redução na renda das famílias, devido a Covid-19, as vendas continuam em baixa. 

Ele destaca que a parte positiva da alta dos juros é a possibilidade do equilíbrio de preços e atração de investimentos ao país.

“A alta dos juros pode ajudar a conter os preços e a expectativa é que ela atraia investidores de outros países, aumentando a quantidade de dólares no Brasil e forçando a cotação para baixo”, concluiu.

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