Quando o assunto é acertar as contas com o “leão” por meio da declaração de Imposto de Renda (IR), muitas dúvidas começam a surgir, ainda mais diante das novas regras para 2024.
Os contribuintes têm até o dia 31 de maio para quitar a obrigação e a melhor forma de evitar dor de cabeça e uma multa de até 20% sobre o imposto devido é não deixar a responsabilidade tributária para a última hora.
De acordo com o advogado tributarista Sergio Vieira – que possui experiência prática e conhecimento de todo o conjunto de normas que compõem a legislação tributária vigente –, uma das dúvidas mais frequentes de quem o procura é se a receita proveniente de pensão alimentícia de pais divorciados precisa ser declarada.
“Apesar de serem isentos de IR, esses valores ainda precisam ser declarados na aba de ‘Rendimentos Isentos e Não Tributáveis’, com o código ‘28 – Pensão Alimentícia’. No campo de tipo de beneficiário, deve ser selecionada a opção adequada quanto ao titular ou dependente para posteriormente preencher o CPF de quem pagou a pensão e o valor recebido. Ressalta-se que quem paga a pensão também deve declarar”, explica.
Mudanças no IR 2024
Uma das principais mudanças é quanto a tabela progressiva e suas faixas. Há um aumento no limite anual de rendimentos tributáveis, conforme explica o advogado Sergio Vieira.
“Antes, o limite de rendimentos tributáveis era de R$ 28.559,70. Agora, está em R$ 30.639,90. Além disso, houve aumento no limite de rendimentos isentos e não tributáveis, que passou de R$ 40 mil para R$ 200 mil. Já a receita bruta anual da atividade rural passou de R$ 142.798,00 para R$ 153.199,50. E, por fim, houve alteração no limite relativo à posse ou propriedade de bens e direitos, cujo valor anterior era de R$ 300 mil e passou para R$ 800 mil”, pontua.
De acordo com o advogado, pessoas que possuam rendimentos ou bens no exterior precisam prestar ainda mais atenção às novas regras. “Isso porque a Receita Federal está mais rigorosa quanto à tributação de renda auferida por pessoas físicas no Brasil oriunda de aplicações financeiras, entidades controladoras e trusts no exterior”, salienta o estrategista jurídico com MBA em gestão de Negócios.
Declarações obrigatórias
Vieira detalha quem deve cumprir a obrigação, integrando a lista de 43 milhões de declarações que a Receita Federal estima receber em 2024:
- quem recebeu rendimentos tributáveis, sujeitos ao ajuste na declaração, cuja soma foi superior a R$ 30.639,90;
- quem recebeu rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte, cuja soma foi superior a R$ 200 mil;
- quem obteve, em qualquer mês, ganho de capital na alienação de bens ou direitos, sujeito à incidência do imposto;
- quem realizou operações em bolsas de valores (dentro dos valores mínimos e condições);
- quem, em caso de atividade rural, obteve receita bruta em valor superior a R$ 153.199,50 ou pretenda compensar, no ano-calendário de 2023 ou posteriores, prejuízos de anos-calendário anteriores ou do próprio ano-calendário de 2023.
Segundo o advogado, a lista também envolve:
- quem é detentor de Bens ou direitos, inclusive terra nua, com valor acima de R$ 800.000,00;
- quem passou à condição de residente no Brasil em qualquer mês e se encontrava nessa condição em 31 de dezembro de 2023;
- quem optou pela isenção do imposto sobre a renda incidente sobre o ganho de capital auferido na venda de imóveis residenciais, cujo produto da venda seja destinado à aplicação na aquisição de imóveis residenciais localizados no País, no prazo de 180 dias contados da celebração do contrato de venda;
- quem é detentor de Bens e direitos no exterior (seguindo os critérios da Lei 14.754/2023).
Documentos em Mãos
Os contribuintes obrigados a entregar a declaração de 2024, referente à vida financeira de 2023, precisam reunir e emitir alguns documentos, conforme elucida Vieira.
Dentre os que constam na relação básica estão:
- documentos pessoais (a exemplo de RG, CPF, comprovante de residência e dados bancários);
- informe de rendimentos financeiros e de aplicações;
- documentos pessoais dos dependentes, sendo CPF obrigatório; comprovantes de despesas médicas e com ensino;
- extrato de previdência privada; documentação de imóveis e veículos; recibos de pagamento ou recebimento de aluguel;
- recibos de doações;
- extrato do Carnê-Leão, caso sejam autônomos.
Vieira enfatiza que quem estiver com muitos questionamentos sobre a declaração pode contar com o auxílio do assistente virtual Leo, criado pela Receita Federal.
“É um chatbot destinado a tirar dúvidas sobre o Imposto de Renda 2024, bastando o contribuinte acessar o ícone ‘Meu Imposto de Renda’ e clicar na figura do leãozinho para iniciar o diálogo. A dica mais importante é: atente-se ao prazo fatal de 31 de maio de 2024 para apresentação da declaração, evitando multas e até mesmo uma inscrição em dívida ativa”, completa.