A Black Friday, uma das datas comerciais mais relevantes do ano, programada para 29 de novembro, enfrenta um desafio significativo em razão de uma seca severa que assola Manaus e outros municípios do Amazonas.
Nesta terça-feira (8), o nível do Rio Negro em Manaus caiu para 12,17 metros. Desde quinta-feira (3), a profundidade do rio recuou 60 centímetros, e as previsões meteorológicas não indicam chuvas para a Amazônia.
A estiagem impacta diretamente a logística da Zona Franca de Manaus, que realiza 95% do transporte de mercadorias por via fluvial.
Por fim, na última sexta-feira (4), a seca em rios do Amazonas causou um congestionamento no Porto do CEASA.
Dificuldades na movimentação de mercadorias
De acordo com a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), a produção nacional de eletrodomésticos provém da Zona Franca. Os eletrodomésticos incluem ar-condicionados, televisores, lavadoras de louça e micro-ondas, itens são muito procurados durante a Black Friday.
Contudo, a baixa dos níveis dos rios dificulta a movimentação das mercadorias, o que obriga as embarcações a navegar com cargas reduzidas e também eleva os custos do frete.
O especialista em Estratégia de Mercado da Fundação Getúlio Vargas (FGV), professor Eduardo Maróstica, ressalta que os efeitos da seca poderão se estender além da Black Friday.
“A seca vai impactar de maneira significativa. E como não há previsão em curto prazo para uma melhora dos índices do rio Negro, o Natal e a Cyber Monday – na segunda-feira seguinte a Black Friday – também vão ser comprometidas de forma considerável pela ausência de chuvas na região”, disse.
Custo adicional
A seca na Amazônia, que ocorre geralmente de maio a setembro, impacta negativamente a logística de mercadorias na região. Em 2023, o Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam) reportou um custo adicional de R$ 1,4 bilhão para a indústria devido a problemas logísticos e de transporte.
Para 2024, as perspectivas continuam desfavoráveis. O coordenador da comissão de logística do Cieam, Augusto Cesar Rocha, destaca que a previsão de sobrecusto é de aproximadamente R$ 500 milhões.
Isso se deve à cobrança de taxas adicionais pelos grandes armadores internacionais, que começaram a ser aplicadas em agosto. A situação resultou no aumento do custo de cada contêiner.
Mitigação dos efeitos da seca em Manaus
Com a intenção de minimizar os impactos da seca, o Cieam informou que medidas emergenciais estão em andamento. As principais estações portuárias de Manaus, Porto Chibatão e Super Terminais, investiram mais de R$ 20 milhões cada uma na construção de dois píeres flutuantes.
As estruturas atuarão como balsas, o que permitirá o carregamento de contêineres de navios cujos calados não são compatíveis com a profundidade do rio neste período.