O financiamento da Caixa para aquisição de imóveis passará por mudanças significativas a partir da próxima sexta-feira, 1º de novembro.
Essas alterações, anunciadas pela Caixa Econômica Federal, incluem uma nova limitação no valor dos imóveis financiados com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), além de mudanças nas cotas de financiamento e nas exigências de entrada.
As novas regras foram implementadas em resposta à alta demanda por financiamentos habitacionais e ao aumento de saques na poupança, que é a principal fonte dos recursos do SBPE.
Limitação no valor dos imóveis
Uma das mudanças mais marcantes no financiamento da Caixa é a restrição ao valor dos imóveis financiados. A partir do início de novembro, o valor máximo de avaliação ou de compra e venda dos imóveis a serem financiados será de R$ 1,5 milhão.
Além disso, os clientes que desejarem aderir a essa modalidade de financiamento não poderão possuir outro financiamento habitacional ativo com a Caixa.
Essa nova regra representa uma mudança drástica em relação ao modelo anterior, que não estabelecia limite de valor e permitia que o cliente tivesse mais de um financiamento ativo com recursos do SBPE.
A decisão de limitar o valor do imóvel financiado surge em meio a uma escassez de recursos na poupança e ao crescente número de retiradas de valores dessa aplicação.
Com o aumento do volume de saques líquidos registrado nos últimos meses, a Caixa busca garantir a continuidade do crédito habitacional, adaptando suas condições de financiamento para equilibrar a demanda por crédito com a disponibilidade de recursos.
Mudanças nas cotas de financiamento
Outra mudança significativa no financiamento da Caixa é a redução das cotas máximas de financiamento. No Sistema de Amortização Constante (SAC), a Caixa passará a financiar até 70% do valor do imóvel, ao contrário dos 80% permitidos anteriormente.
Isso significa que o cliente precisará arcar com uma entrada de 30% do valor total do imóvel, um aumento de 10% em comparação ao modelo atual.
Para quem opta pelo sistema Price, onde o valor total das prestações permanece constante ao longo do prazo contratado, a Caixa agora financiará até 50% do valor do imóvel. No modelo anterior, a cota de financiamento era de até 70%.
Assim, o comprador precisará desembolsar uma entrada maior, correspondendo a 50% do valor do imóvel. Essa mudança impacta diretamente o valor necessário para a entrada, o que pode tornar o financiamento menos acessível para alguns compradores.
Como exemplo, para um imóvel avaliado em R$ 800 mil, a entrada no sistema SAC passará de R$ 160 mil para R$ 240 mil, enquanto no sistema Price, a entrada aumentará de R$ 240 mil para R$ 400 mil.
Quem será impactado?
As novas regras do financiamento da Caixa afetam apenas os contratos realizados após 1º de novembro de 2024. Aqueles que já possuem um financiamento ativo pela Caixa continuarão sob as regras vigentes no momento da contratação.
Além disso, os imóveis vinculados a empreendimentos financiados pela Caixa permanecem com as condições anteriores, sem alterações nas cotas de financiamento ou nas restrições de valor.
Essa política diferenciada para novos contratos visa atender à crescente demanda por crédito habitacional sem comprometer o equilíbrio financeiro do banco, que é o principal agente de crédito imobiliário do país.
Com uma carteira de crédito habitacional que representa quase 70% do mercado, a Caixa concedeu, até setembro deste ano, R$ 175 bilhões em financiamentos imobiliários, um aumento de 28,6% em relação ao ano anterior.
Razões por trás das mudanças
As alterações no financiamento da Caixa foram motivadas pelo aumento nos saques da caderneta de poupança, que atingiram R$ 7,1 bilhões em setembro, além de uma crescente demanda por imóveis no Brasil.
Diante desse cenário, a Caixa decidiu ajustar as regras de financiamento como forma de gerenciar o impacto da alta demanda nos recursos do SBPE e garantir a sustentabilidade de suas operações de crédito habitacional.
Segundo o Banco Central do Brasil, o banco possui uma participação de mercado de 48,3% nos financiamentos com recursos da poupança, um percentual que representa R$ 63,5 bilhões em operações apenas em 2024.
Em nota, a Caixa afirmou que essas mudanças visam garantir a continuidade do crédito habitacional em meio ao atual cenário econômico e que novas medidas estão sendo estudadas em conjunto com o mercado e o governo para expandir o crédito imobiliário no Brasil.