Nos últimos meses, o financiamento da Caixa tem enfrentado mudanças significativas que têm impactado tanto a capacidade de compra dos brasileiros quanto o acesso ao crédito imobiliário.
A partir de 1º de novembro, novas regras para financiamento de imóveis com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) entrarão em vigor.
Essas alterações são resultado da crescente demanda por imóveis no Brasil e do aumento dos saques da caderneta de poupança, que é a principal fonte de recursos para os empréstimos da Caixa.
Mudanças nas regras do financiamento
As novas regras estabelecem limites mais rígidos para o financiamento da Caixa. A partir da próxima semana, os empréstimos realizados com recursos do SBPE terão um teto de até R$ 1,5 milhão para a compra ou construção de imóveis.
Além disso, uma das principais mudanças é a exigência de um valor de entrada maior para os compradores. Por exemplo, para um imóvel avaliado em R$ 800 mil, o financiamento que antes era de até 80% do valor (R$ 640 mil) passará a ser apenas de 70% (R$ 560 mil), exigindo assim um pagamento inicial de R$ 240 mil.
As regras atuais permitem que os clientes tenham múltiplos financiamentos ativos na Caixa, mas a nova política proíbe que um mutuário possua mais de um financiamento habitacional ativo com a instituição. Essa mudança se alinha com as restrições já aplicadas aos financiamentos com recursos do FGTS, que sempre permitiram apenas um contrato ativo por cliente.
Motivos para as mudanças
As mudanças no financiamento da Caixa foram impulsionadas por um aumento significativo na demanda por imóveis e pelos saques da caderneta de poupança. Em setembro, a caderneta registrou saques líquidos de R$ 7,1 bilhões, o que representa o maior volume do ano. Esse cenário de retirada contínua (sendo o terceiro mês consecutivo) levanta preocupações sobre a sustentabilidade da oferta de crédito habitacional.
A Caixa Econômica Federal, que atualmente controla cerca de 70% do mercado de crédito imobiliário no Brasil, informou que sua carteira de crédito habitacional deverá ultrapassar o orçamento aprovado para 2024. Até setembro de 2024, o banco concedeu R$ 175 bilhões em crédito imobiliário, um crescimento de 28,6% em relação ao ano anterior, com um total de 627 mil financiamentos realizados.
Impacto das novas regras nos compradores
A imposição de uma entrada maior e a redução das cotas de financiamento têm um impacto direto no perfil dos compradores. A nova exigência de um maior valor de entrada pode desestimular potenciais compradores, especialmente aqueles que já enfrentam dificuldades financeiras em um cenário de juros altos e inflação. Essa situação torna o sonho da casa própria ainda mais distante para muitas famílias.
No modelo atual, o financiamento da Caixa permitia uma maior flexibilidade para os mutuários, facilitando o acesso ao crédito e aumentando as possibilidades de aquisição de imóveis. Com as novas regras, muitos poderão ser forçados a reconsiderar seus planos de compra ou a optar por imóveis de menor valor.
O papel da caixa no Mercado Imobiliário
A Caixa é uma instituição crucial para o financiamento habitacional no Brasil. Com uma participação de mercado de 48,3% nas contratações com recursos do SBPE, a instituição desempenha um papel vital na oferta de crédito para a aquisição de imóveis. No entanto, com as novas limitações, a Caixa precisa equilibrar a demanda por financiamento com a necessidade de manter a saúde financeira do sistema.
Diante desse cenário, é fundamental que os potenciais compradores avaliem suas condições financeiras e considerem alternativas de financiamento, caso o financiamento da Caixa não atenda às suas necessidades. A pesquisa sobre outras opções de crédito, como financiamento em bancos privados ou cooperativas de crédito, pode ser uma alternativa viável.