O Carrefour, por meio do CEO global Alexandre Bompard, prepara uma carta de retratação para resolver o conflito com a indústria de carnes brasileira, segundo informações do Estadão e da Folha de S.Paulo.
O documento será entregue ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em uma reunião ainda a ser agendada.
A crise teve início em 20 de novembro, quando Bompard anunciou que as lojas francesas do Carrefour deixariam de adquirir carne do Mercosul, posicionando-se contra o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o bloco sul-americano.
O comunicado, direcionado à FNSEA (Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França), reconhecia “o desânimo e a raiva dos agricultores franceses” em relação ao tratado.
A decisão gerou reações no Brasil, incluindo um boicote de 23 frigoríficos, como JBS, Marfrig e Masterboi, que suspenderam o fornecimento à rede no país, afetando mais de 150 lojas.
Em nota, o Carrefour Brasil informou que a operação local segue inalterada e lamentou os impactos do boicote nos consumidores.
“A suspensão do fornecimento de carne impacta nossos clientes, que confiam em nossa rede para abastecer suas casas com produtos de qualidade”, declarou a empresa.
O embaixador francês no Brasil, Emmanuel Lenain, está intermediando o diálogo. Ele já apresentou a carta de retratação de Bompard ao governo brasileiro e propôs medidas para aliviar as tensões entre o agronegócio brasileiro e a França.
Uma nova rodada de negociações entre Lenain e o ministro Fávaro está prevista para esta terça-feira, 26 de novembro.
A expectativa é que a carta de Bompard ajude a normalizar o fornecimento de carne e reestabeleça as relações comerciais entre o Carrefour e os frigoríficos brasileiros.
Entenda a crise
A tensão começou após o Carrefour França anunciar o fim da compra de carne do Mercosul, atendendo aos protestos de agricultores franceses contra o acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o bloco sul-americano.
Firmado em 2019, o tratado enfrentou anos de resistência, mas foi retomado com avanços na relação entre os presidentes Lula e Emmanuel Macron.
A decisão do Carrefour, vista como uma resposta às pressões da FNSEA, gerou descontentamento no Brasil, culminando no boicote de frigoríficos.