O Amazonas tem uma das contas de luz mais altas do Brasil, de acordo com o Ranking das Tarifas da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), devido a uma combinação de fatores: dependência de termelétricas, perdas técnicas e a dificuldade de distribuição em áreas isoladas.

Essa realidade torna o custo de energia um dos principais desafios para a população da região.

Nesta quinta-feira (5), a Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados realizou uma audiência pública para debater o porquê de a conta de luz estar cara no Brasil.

O evento, solicitado pelo deputado Hugo Leal (PSD-RJ), começou às 9h30 no plenário 12. Segundo o parlamentar, os aumentos na conta de luz impactam diretamente a qualidade de vida da população e o custo de bens e serviços.

Ele defende uma discussão sobre as renovações de concessões, novos subsídios para fontes renováveis e a reforma tributária, que podem influenciar o preço da energia.

Sistema de bandeiras tarifárias

No Brasil, o sistema de bandeiras tarifárias ajusta o custo de geração de energia conforme a necessidade de acionamento de termelétricas.

A bandeira verde não gera custos adicionais, mas as bandeiras amarela e vermelha (patamares 1 e 2) encarecem o kWh consumido.

Neste mês, a bandeira é verde, mas no anterior estava amarela, exemplificando como a situação pode variar.

Especialistas alertam sobre custos elevados no Norte

De acordo com Lourenço Henrique Moretto, coordenador do Programa de Energia e Sustentabilidade do Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC), a região Norte apresenta uma das energias mais caras do país devido à falta de interligação ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

Na região Norte os sistemas isolados, que não são interligados ao Sistema Interligado Nacional, têm menos opções de despacho energético. […] Essa restrição acaba impondo a contratação de térmicas que são mais caras a um CVU (custo unitário variável) altíssimo”, explicou.

Moretto ainda destacou que estudos feitos pelo IDEC mostram que a tarifa de energia deve ter um aumento de 10% em breve.

“É um aumento muito relevante na conta de luz para uma população que, muitas vezes, chega ao final do mês e precisa escolher quais contas pagar: se paga a conta de água, de luz ou o aluguel. Então, a gente precisa pensar em estruturas tarifárias que sejam mais racionais.”