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Avanço da tecnologia indica que está na hora de alterar forma de medição do segundo, diz BIPM

Pesquisadores do Escritório Internacional de Pesos e Medidas (BIPM, na sigla em francês) acreditam que está na hora de atualizar e tornar mais precisa a definição do que é um segundo. As informações são da BBC News.

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A unidade fundamental do tempo não sofreu alterações em mais de 70 anos. E, segundo os especialistas, o avanço da tecnologia indica que está na hora de mudar.

O BIPM é o organismo responsável pelo estabelecimento dos padrões internacionais dos sistemas de unidades de medida.

Os metrologistas do BIPM, em conjunto com especialistas de vários países, estão se preparando para alterar a forma de medição do segundo.

De acordo com eles, é uma operação bastante delicada, cujo resultado pode ser fundamental para mudar a forma como compreendemos o universo.

Mas, afinal, o que é um segundo?

O segundo é a unidade básica de medição do tempo no sistema internacional de medidas.

Outras unidades básicas como o metro (comprimento), o quilograma (massa), o ampere (corrente) e o kelvin (temperatura) são definidas com base no segundo.

Por milênios, a humanidade se valeu da astronomia para definir suas unidades de tempo. Mas, desde 1967, utiliza-se a observação dos átomos para definir o segundo.

Os cientistas observaram que, por milhões de anos, a Terra vem girando mais lentamente. Com isso, os dias vêm ficando em média 1,8 milissegundos maiores a cada século.
 
Mas diversos estudos demonstraram em 2020 que, nos últimos 50 anos, o planeta começou a girar mais rápido.
 
Desde 1967, o segundo começou a ser definido com base na oscilação das partículas de átomos de césio 133, quando expostas a um tipo especial de micro-ondas.

Hoje, o segundo é definido como o tempo que o césio leva para oscilar 9.192.631.770 vezes. Mas esta definição pode estar com os dias contados.

O novo segundo

O BIPM planeja usar os relógios ópticos atômicos para medir o segundo, mas ainda está definindo os critérios para fazer esta medição.

Segundo Gérard Petit, pesquisador da equipe de tempo do BIPM, o mais importante é comprovar a precisão prometida pelos relógios ópticos e até o momento, as melhores comparações foram realizadas entre relógios ópticos de um mesmo laboratório.

Petit afirma que o objetivo é comparar diversos relógios de diferentes laboratórios.

Ele também conta que é necessário definir o elemento da tabela periódica que substituirá o césio como referência.

Gérard Petit indica que, se tudo sair conforme o planejado, os critérios devem começar a ser definidos em junho de 2022, e o novo segundo deve entrar em vigor a partir de 2030.

“São operações e comparações complexas”, diz ele.

Petit diz ainda que com a mudança na definição de segundo nada muda.

Segundo ele, a principal razão para atualizar o segundo é manter as coisas em ordem, pois a estrutura de medidas do mundo depende do segundo.

“É possível viver por algum tempo com uma definição que não seja a mais precisa, mas, depois de um certo tempo, ela se torna ininteligível”, diz Petit.

“Na prática, na vida diária, talvez não mude nada, mas, na ciência, é necessária uma definição baseada na melhor medição possível.”

Quais mistérios do universo a mudança pode revelar?

Medir o tempo de forma ultraprecisa pode ajudar a entender fenômenos que atualmente não são compreendidos.

O NIST explica que os relógios ópticos já foram empregados para medir a distorção do espaço-tempo descrita pela teoria da relatividade de Einstein.

Estes relógios ultraprecisos também poderão servir para detectar a enigmática matéria escura, que compõe 25% do universo, mas da qual pouco se sabe. 

Poderão também fornecer pistas sobre as ondas gravitacionais primordiais, que são ecos do Big Bang que deformam o espaço-tempo, como uma pedra lançada sobre um lago.

Os relógios atômicos poderão ser capazes de detectar estas deformações e fornecer mais pistas sobre a formação do universo.

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