A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta na última quarta-feira, 27, sobre o fato de a maioria dos casos notificados de varíola dos macacos terem ocorrido entre homens que fazem sexo com homens.

Porém, ressaltou que o risco de contrair a doença não está restrito a apenas um grupo.

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Enquanto os casos de varíola dos macacos avançam no mundo, os cientistas buscam entender o perfil da doença neste novo surto, que pela primeira vez se dissemina pelo planeta e afeta regiões de fora do continente africano.

A revista científica New England Journal of Medicine publicou um novo estudo, conduzido por pesquisadores de diversas nações, apontando uma das características da infecção que tem chamado atenção dos especialistas: 95% dos casos analisados são suspeitos de transmissão durante a relação sexual.

“Até o momento, a disseminação atual afetou desproporcionalmente homens gays ou bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens, o que sugere amplificação da transmissão via redes sociais sexuais”, aponta o estudo.

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Tendo isso em vista, o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, aconselhou que homens que fazem sexo com homens reduzam momentaneamente o número de parceiros. O objetivo é “reduzir risco de exposição”.

Antes do surto atual, sabia-se que o vírus era transmitido por contato prolongado de pele com pele, especialmente com as lesões cutâneas causadas pela doença, mas não havia registros de disseminação tão recorrente entre humanos e em episódio associados ao sexo.

O novo estudo, porém, assim como outros publicados recentemente, encontrou o DNA do monkeypox – vírus causador da varíola dos macacos – no sêmen em 29 de 32 homens que tiveram a amostra analisada.

Ainda assim, não há confirmação de que a presença do vírus no local é capaz de provocar uma infecção. Logo, não se sabe se relação sexual é de fato uma via primária de transmissão, o que caracterizaria a varíola dos macacos como uma infecção sexualmente transmissível (IST).

Há a possibilidade de a ampla contaminação ligada a relações sexuais acontecer apenas pelo momento íntimo favorecer o contato da pele com pele, que já se sabe ser um meio de contaminação.

Conclusões

Para chegar às conclusões, o amplo trabalho analisou um total de 528 diagnósticos, em 16 países, detectados entre abril e junho deste ano. Além da suspeita em relação ao sexo, eles constataram que as erupções cutâneas – sintoma mais característico da doença – acometeu 95% dos pacientes. Destes, a maioria (64%) apresentou menos de dez lesões ao todo, e 73% dos relatos foram na região do ânus e da genitália.

Entre os casos analisados, 5% receberam tratamento com antiviral e 13% precisaram de hospitalização. Os motivos para a internação foram principalmente para manejo das dores intensas e por infecção de tecidos.

Em casos mais raros, houve necessidade por faringite, lesões oculares, lesão renal aguda e miocardite, mas cada um representou apenas dois dos mais de 500 diagnósticos. Não houve mortes relatadas no grupo.

A avaliação dos cientistas também constatou que, de 377 pessoas testadas, 109 (29%) apresentaram ISTs concomitantes à contaminação pelo vírus monkeypox.

Além disso, embora as autoridades de saúde, como a OMS, deixem claro que todos podem ser infectados e alertem para o cuidado com o estigma, o estudo mostrou que a maioria dos pacientes são homens gays, bissexuais ou que fazem sexo com outro homens – 98% da amostra.

A média de idade dos infectados foi de 38 anos e 41% tinham um diagnóstico de HIV.

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