A igualdade de gênero pode levar 300 anos para ser alcançada. É o que revela o relatório produzido em conjunto pela Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres e o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais, Desa, lançado nesta quarta-feira (7).

Segundo o levantamento, os desafios globais, como a pandemia de Covid-19 e suas consequências, conflitos violentos, mudanças climáticas e a perda de direitos sexuais e reprodutivos das mulheres estão exacerbando ainda mais as disparidades de gênero.

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O relatório aponta que o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5, para igualdade de gênero, não será alcançado até 2030.

A diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, afirma que os dados do estudo mostram os resultados das regressões causadas pelas crises globais, tanto em renda como em segurança, educação e saúde. Para ela, quanto mais levar para reverter essa tendência, mais custará a sociedade.

Os dados apontam também que o ritmo atual de progresso, as lacunas na proteção legal e na remoção de leis discriminatórias podem levar até 286 anos para serem fechadas.

Ainda seriam necessários 140 anos para que as mulheres fossem representadas igualmente em posições de poder e liderança no local de trabalho e pelo menos 40 anos para alcançar a igualdade de representação nos parlamentos nacionais.

Dados

Em 2020, o fechamento de escolas e pré-escolas exigiram 672 bilhões de horas adicionais de cuidados infantis não remunerados em todo o mundo.

O estudo estimou que, com a divisão de gênero no trabalho de assistência sendo a mesma de antes da pandemia, as mulheres teriam arcado com 512 bilhões dessas horas.

Globalmente, as mulheres perderam cerca de US$ 800 bilhões em renda em 2020 devido à pandemia e, apesar de uma recuperação, a projeção é que a participação feminina nos mercados de trabalho seja menor em 2022 do que era pré-pandemia.

Até o final de 2021, havia cerca de 44 milhões de mulheres e meninas deslocadas, maior número já registrado.

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Brasil

Em uma citação sobre o Brasil, o relatório aponta que a disparidade social deixa muitas mulheres e meninas em situação de vulnerabilidade.

Sobre o acesso à energia limpa, o estudo revela que meninas brasileiras em áreas rurais com acesso à eletricidade têm 1,5 vezes mais probabilidade de concluir o ensino fundamental aos 18 anos.

Entre as trabalhadoras assalariadas rurais no Brasil, o acesso à eletricidade se correlaciona com um aumento de 59% nos salários.

O acesso à saúde também é destacado: municípios com alta incidência de pobreza e desigualdade e recursos de saúde limitados apresentaram maior mortalidade materna em comparação com municípios com melhor infraestrutura social e de saúde.

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