Uma nova vacina nasal foi produzida por cientistas na Alemanha, que asseguram interromper uma infecção por Covid-19 no nariz e na garganta, onde o vírus se estabelece pela primeira vez no corpo.

+ Envie esta notícia no seu WhatsApp

+ Envie esta notícia no seu Telegram

Em experimentos com hamsters, duas doses da vacina, que é feita com uma forma viva, mas enfraquecida, do coronavírus, impediu que o vírus se copiasse nas vias aéreas superiores dos animais – alcançando a chamada “imunidade esterilizante” e prevenindo a doença.

Embora esta vacina tenha vários outros obstáculos para superar antes de chegar a um consultório médico ou farmácia, outras vacinas nasais já estão em uso ou atingindo o final de ensaios clínicos.

A China e a Índia lançaram vacinas administradas por meio de tecidos nasais no ano passado, embora não esteja claro o quão bem elas estejam funcionando.

Estudos sobre a eficácia dessas vacinas ainda não foram publicados, deixando o mundo se perguntando se essa abordagem de proteção realmente funciona nas pessoas.

RELACIONADAS

+ Vacina nasal está sendo desenvolvida no Brasil

+ Vacina da covid-19: OMS muda orientação sobre dose de reforço

Resultados promissores com vacina nasal

Nos estudos com hamsters, publicados nesta segunda na revista Nature Microbiology, duas doses da vacina nasal criaram uma resposta imune muito mais forte do que duas doses de uma vacina baseada em mRNA ou uma que usa um adenovírus para transportar instruções da vacina nas células.

Os pesquisadores acham que a vacina “viva”, mas enfraquecida, provavelmente funcionou melhor porque imita de perto o processo de uma infecção natural.

A vacina nasal também apresenta o coronavírus completo para o corpo, não apenas suas proteínas spike, como fazem as vacinas atuais contra a Covid-19.

Desse modo, os hamsters foram capazes de fabricar “armas imunológicas” contra uma gama mais ampla de alvos.

Porém, especialistas em vacinas ressaltam que é necessário cautela.

Esse imunizante ainda precisa passar por mais testes antes de estar pronto para uso, mas eles pontuam que os resultados até agora parecem encorajadores.

“Eles fizeram um trabalho muito legal. Esta é obviamente uma equipe competente e atenciosa que fez este trabalho e impressionante no escopo do que fez. Agora só precisa ser repetido”, talvez em primatas e certamente em humanos antes que possa ser amplamente utilizado, disse o Dr. Greg Poland, que projeta vacinas na Mayo Clinic.

Ele não estava envolvido na pesquisa em questão.

O imunizante também precisa ser testado em humanos e os cientistas dizem que eles estão trabalhando nisso.

Informaram também que fizeram parceria com uma empresa suíça chamada RocketVax para iniciar os ensaios clínicos de fase um.

Outras vacinas estão mais adiantadas, mas o progresso tem sido “lento e hesitante”, observou Poland.

Os grupos que trabalham com essas vacinas estão lutando para aumentar os altos custos de colocar um novo imunizante no mercado, e estão fazendo isso em um ambiente em que as pessoas pensam que essa disputa foi vencida e concluída.

Na realidade, estamos longe disso, ponderou Poland.

Bastaria outra mudança no nível Ômicron na evolução do vírus e poderíamos voltar à estaca zero, sem ferramentas contra o coronavírus.

“Isso é tolice. Deveríamos estar desenvolvendo uma vacina pan-Coronavírus que induza a imunidade da mucosa e que seja de longa duração”, advertiu.