Completar 100 anos é uma dádiva, ainda mais em tempos de pandemia. Aqui em Manaus, na Fundação Dr. Thomas, localizada no bairro Nossa Senhora das Graças, Zona Centro-Sul de Manaus, o abrigo conta com três centenárias que são o orgulho da casa e motivo de muita alegria para as cuidadoras. Maria Catarina tem 108 anos; Isabel Horta, 106 e; Arminda Santos, acabou de completar 100 anos.

Apesar das três apresentarem traços de senilidade, como lapso de memória, discurso desconecto e pensamentos desorganizados, elas seguem vivendo sorridentes e usufruindo das suas autonomias, escolhendo o que querem vestir, conversar e algumas decisões pessoais. Nenhuma delas tem uma patologia grave, apenas sinas dos mais de cem anos de vida.  

 

Histórias

Catarina, Isabel e Arminda têm características, vivências e histórias curiosas que foram relatadas durante entrevista com a equipe da fundação. Das três, a Isabel é a única que tem família e recebe visitas.

“A Isabel Horta chegou a namorar e casar na instituição. Nós providenciamos um quarto para o casal, hoje esse idoso já é falecido, e ela voltou para conviver no pavilhão com as outras idosas. Hoje ela anda com uma bonequinha, que ela chama de filha e gosta muito de cantar também”, disse uma das cuidadoras.

Sobre a Arminda, foi relatado que todos os dias ela fala de um suposto noivo. Quer estar sempre bem arrumada e pergunta se a banda da Polícia Militar já chegou.

“A Arminda é uma figura que guarda na memória o sonho de casar, ela fala muito no noivo Alexandre, fala todos os dias que precisa se arrumar para o noivado e pergunta se a banda da Polícia Militar já chegou”, conta a cuidadora.

Maria Catarina é a única das centenárias que caminha sozinha, uma das curiosidades é que antes de tomar banho ela dá três pulinhos e conta que lê mão.

” A Catarina é de origem indígena e carrega crenças interessantes. Antes de tomar banho ela sempre dá três pulinhos e costuma pegar nossas mãos para ler”, contou.

 

Dedicação

Gélia Costa, 40, é uma das cuidadoras da Fundação Dr. Thomas e trabalha no abrigo há 5 anos. Ela expressa todo carinho, cuidado e dedicação que as funcionárias têm com cada idosa.

“Nós temos cada uma delas como se fosse da nossa família, criamos afeto e carinho por cada uma. Todos os dias ouvimos uma história diferente e rimos juntas. O ato de cuidar, dar o banho, a comida, nos aproxima delas e gera cada dia mais sentimento”, relatou, emocionada, uma das cuidadoras.

Psicólogo

Adriano Lago é psicólogo da fundação e informou que o abrigo tem hoje 116 idosos que são assistidos pela instituição, oferecendo um serviço qualificado em prol do idoso.

“Entre elas, temos três centenários, três mulheres que apresentam alegria e a casa preocupa-se em mantê-las bem até seus últimos dias de vida”, afirma.

Covid-19

Aqui no Amazonas, o número de óbitos é de 13.536 e só de idosos foram 9.238 que perderam a vida para a Covid-19. A Fundação Dr Thomas relatou que teve algumas perdas, mas preservou a maioria dos seus idosos, que hoje estão todos imunizados.