Na cidade de Manaus, a Av. Eduardo Ribeiro é uma daquelas vias que os habitantes de uma grande metrópole guardam no coração. Uma avenida que figura como referência ao longo do tempo e se mistura com a identidade da capital.
Neste dia 24 de outubro, aniversário de 353 anos da capital do Amazonas, o Portal Norte escolheu a Avenida Eduardo Ribeiro, no Centro da cidade, para lembrar curiosidades de uma das mais antigas e importantes vias manauaras.
+ Envie esta notícia no seu WhatsApp
+ Envie esta notícia no seu Telegram
Av. Eduardo Ribeiro
Ao percorrer o local, ainda é possível notar a arquitetura do século XIX no período da borracha.
A avenida inicia na área conhecida como Praça do Relógio e segue até à Praça do Congresso, em frente ao Instituto de Educação do Amazonas (IEA).
A via possui 1.060 metros de extensão e 30 metros de largura.
Ao longo dela é possível conferir locais históricos, turísticos e comerciais:
Relógio Municipal: arquitetura neoclássica datada do dia 31 de março de 1929, construída de frente para o Rio Negro;
Lojas, bancos, restaurantes, clínicas e centros comerciais;
Parte de trás do Teatro Amazonas, o principal cartão-postal da cidade, inaugurado em 31 de dezembro de 1896;
Centro Cultural Palácio da Justiça: arquitetura clássica, inaugurado em 21 de abril de 1900;
Praça Antônio Bittencourt, inaugurada em 1908. Posteriormente, em 1942, foi palco do 1º Congresso Eucarístico Diocesano, onde passou a ficar conhecida como “Praça do Congresso”;
História
Conversamos com o historiador Otoni Moreira de Mesquita, para saber um pouco mais sobre o homem que empresta o nome à avenida do Centro e também como foi pensado o lugar.
Otoni tem 69 anos, é amazonense, e graduado em jornalismo e Belas Artes. Ele também é mestre em História e Crítica da Arte e doutor em História.
Sobre Manaus, ele afirma que seu estudo sobre a história da cidade começou em 1988.
RELACIONADAS
+ Em Manaus, feirinha da Av. Eduardo Ribeiro e Ponta Negra recebem projeto ‘Arte Pela Cidade’
+ Trecho da Av. Eduardo Ribeiro será interditado para Missa de Corpus Christi, em Manaus
Nome e curiosidades da av. Eduardo Ribeiro
Em relação a quem foi Eduardo Ribeiro, Otoni conta que ele foi governador do Amazonas após tomar posse no dia 2 de novembro de 1890.
No estado, o político também foi responsável por iniciar as obras do Teatro Amazonas, do Palácio da Justiça, a construção do Reservatório do Mocó e da ponte de ferro na Avenida Sete de Setembro.
Dentre os projetos que Otoni destaca de Eduardo Ribeiro está o plano de embelezamento da cidade de Manaus.
“Neste plano, a avenida, que leva seu nome, ocupava um lugar muito importante. Antes de ser chamada Eduardo Ribeiro, o local era rua Comendador Clementino. Hoje, onde é o Relógio, era a travessa do Equador”, declarou.
Aterramento e sequência
O historiador lembra que antes de virar o que é hoje, a Av.Eduardo Ribeiro foi aterrada para dar sequência às construções. Segundo ele, essa intervenção e a proximidade com o rio “cobram um preço” de quem transita no local.
“No governo de Eduardo foi aterrada uma parte entre a 7 de Setembro e a Eduardo Ribeiro. E nesse trecho, o rio fica querendo tomar de volta, quando transborda com as chuvas”.
Vale destacar que antes de virar avenida, o local era ocupado pelo igarapé Espírito Santo.
O mesmo foi aterrado e as águas do mesmo passaram a correr através de galerias construídas sob a avenida e que ainda existem no local.
Para melhorar a via, Otoni conta que Eduardo Ribeiro, uniformizou, planificou, desapropriou, instalou a eletricidade e o bonde.
Algo que chamava a atenção de Eduardo Ribeiro, segundo Otoni, era o fato de que a avenida passaria também pelo Teatro Amazonas, a parte de trás.
Na época, a região também concentrava jornais, confeitarias, lojas de modas e restaurantes.
“No começo, passavam alguns viajantes do Rio e São Paulo, que ficavam impressionados com a animação da cidade de Manaus”, lembra o historiador.
O tempo passou e a avenida passou a abrigar importantes acontecimentos da cidade de Manaus.
Décadas depois da época da borracha, a avenida sediou, a partir dos anos 1960, os desfiles de 5 e 7 de Setembro, o carnaval e outras manifestações culturais.
“Eu acredito que o carnaval só passou para a Av. Djalma Batista em 1980”, afirma Otoni.
Arborização e praga
Otoni lembra que a Av. Eduardo Ribeiro era toda arborizada com ficus benjamina, que não existem mais no local. Hoje, nas laterais da avenida, se concentram oitis, espécie da Mata Atlântica”.
Otoni lemba ainda que, em 1962, se alastrou pelo Brasil a praga da lacerdinha, um inseto oriundo do Oriente e que arrasou as árvores de ficus benjamina.
Sentimento
Caminhando pela Av. Eduardo Ribeiro, é fácil conhecer histórias do dia a dia de pessoas que de alguma forma precisam passar pela via.
A autônoma Marta Lopes da Silva, de 47 anos, conta que desde a adolescência necessita, vez ou outra, estar na Eduardo Ribeiro para relembrar seu tempo de infância junto com a família.
“Estar aqui é um mistura de tristeza e saudade, mas estou feliz. Relembrar os momentos que passei nessa praça e nessa avenida é nostálgico e mágico ao mesmo tempo”, diz Marta, emocionada.
Para o segurança Reginaldo Lima, de 46 anos, passar pela Av. Eduardo Ribeiro é uma volta no tempo. É nessa via que ele atuou por muito tempo como vendedor ambulante próximo ao Teatro Amazonas.
“Me lembro quando eu vendia de tudo aqui pela Eduardo para tentar sobreviver. Mas não é falar somente do negócio e sim do que vivi nesse tempo. Vi parte da transformação dessa via, desde moleque. Quando chovia, então, isso aqui virava um rio. Acredito que não mudou muito, mas só de ver que o lugar está conservado e que eu posso voltar aqui toda vez que eu quiser, isso já me traz um alívio pelas boas memórias”, declarou.
Av. Eduardo Ribeiro, um símbolo
A avenida que foi pensada dentro de um plano de embelezamento, hoje ocupa lugar no coração dos manauaras.
Entre diferentes mudanças ocorridas ao longo de mais de um século, a avenida segue também com papel importante na economia local.
Para quem visita, trabalha ou vive na região, não tem como falar de Manaus sem lembrar da Av. Eduardo Ribeiro.
Não seria exagero afirmar que trata-se de um dos símbolos de Manaus.