Após ser alvo de protestos na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o cientista político André Lajst emitiu comunicado afirmando que foi vítima de intolerância, na quinta-feira (11), em Manaus.
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O presidente-executivo da StandWithUS Brasil estava no campus da universidade pública para palestrar sobre empreendedorismo em Israel.
No vídeo, de cerca de 10 minutos, o sionista judeu narra os fatos, apresenta imagens do protesto violento, e afirma que a manifestação é antissemita e violenta.
Confira nota na íntegra da StandWithUS sobre ocorrido:
A StandWithUs Brasil repudia as ações antissemitas e violentas promovidas por manifestantes de grupos de ódio — apoiados e instigados pelo DCE-UFAM — contra o nosso presidente-executivo, André Lajst, e contra alunos e funcionários da Universidade Federal do Amazonas. André foi ao campus, após ser convidado para palestrar, num evento acadêmico, sobre desenvolvimento tecnológico em Israel e cooperação com a Amazônia, e precisou ser protegido pela Polícia Federal da ação violenta destes grupos, que rejeitavam sua “presença” por ser judeu e cidadão israelense.
Como instituição educacional, defendemos a pluralidade e liberdade de pensamento e de expressão em ambientes acadêmicos e instituições de ensino superior. Tentar impedir com violência uma palestra acadêmica é um atentado contra os princípios democráticos, que se torna ainda mais grave quando o motivo é a identidade do palestrante — pela sua nacionalidade, cor, etnia, religião, gênero, orientação sexual etc.
O Centro de Relações Institucionais da StandWithUs Brasil esteve, nos últimos meses, desenvolvendo parcerias junto ao Instituto Ajuricaba e a Universidade Federal do Amazonas. A primeira parceria consolidada foi a participação do nosso presidente-executivo, André Lajst, como palestrante de um dos painéis do 1º Simpósio Ajuricaba de Liberdade na Amazônia, ocorrido hoje, dia 10 de agosto de 2023.
Com a temática “Desenvolvimento Amazônico”, o simpósio contou com a participação de outros três especialistas em diversos assuntos relacionados a empreendedorismo, desenvolvimento e sustentabilidade na Amazônia.
Antes do evento, o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Amazonas (DCE-UFAM), promoveu um manifesto nas redes sociais repudiando “a presença do sionista André Lajst nas dependências da UFAM” , argumentando com uma série de clichês e mentiras sobre o conflito israelense-palestino. Mas o tema da palestra de Lajst não tinha sequer relação com isso. Ele falou sobre o desenvolvimento tecnológico de Israel e fez propostas de cooperação internacional que poderiam trazer soluções sustentáveis para a Amazônia.
O manifesto, seguindo a cartilha do movimento antissemita BDS — que faz boicote a palestras de professores israelenses, shows de música de artistas israelenses e até exibição de filmes com atores ou atrizes israelenses — incluía palavras como “genocídio” e “apartheid”, acusações absolutamente falsas e absurdas contra Israel, e alguns manifestantes chegaram ao cúmulo de chamar de “nazista” o André, que é judeu e neto de um sobrevivente do campo de extermínio de Sobibor.
O ambiente acadêmico deveria ser um espaço aberto e democrático para que haja debates respeitosos entre lados divergentes sobre questões políticas.
A crítica a Israel (ou a qualquer país do mundo) pode e deve ser feita, porém, pedir pela sua destruição, atribuir a Israel crimes contra a humanidade que jamais ocorreram e acusar levianamente uma pessoa de ser “defensor desses crimes” é discurso de ódio e difamação. Ainda mais quando a palestra não era para falar sobre a política israelense ou o conflito israelo-palestino, mas sobre o desenvolvimento sustentável da região amazônica através do exemplo de inovação e desenvolvimento israelense.
Lamentamos que, devido à escalada da violência perpetrada pelos manifestantes, tenha havido a necessidade de requerimento, por parte da reitoria da universidade, de presença da polícia federal no local. É absurdo e assustador que um palestrante precise de proteção policial num evento acadêmico, numa universidade federal, apenas por ele ser judeu e cidadão israelense.
Em um ambiente ideal, nenhuma segurança deveria ser necessária para poder proteger a integridade física de pessoas que estão educando sobre inovação.
Nós nos solidarizamos ainda com a Universidade Federal do Amazonas e com o Instituto Ajuricaba diante do acontecido. Destacamos seus posicionamentos alinhados com os valores democráticos e com a liberdade de expressão, que são caros e necessários em ambientes acadêmicos. Gratulamos também o corpo discente da UFAM, que em sua maioria, demonstrou um forte repúdio a quaisquer tipos de ideias e discursos antissemitas em seu campus.
Reiteramos que nosso trabalho é criar pontes, educar, qualificar o debate e engajar todos aqueles que desejam aumentar seu conhecimento sobre Israel e o Oriente Médio como um todo. Em nossas publicações, sempre haverá um chamado para a paz e nos livros já traduzidos pela nossa organização, estão nomes de pacifistas e acadêmicos que convidam o outro lado para um debate democrático e rico de ideias.
Seguiremos fazendo nosso trabalho em todos os espaços acadêmicos no Brasil, bem como escolas e organizações da sociedade civil.
Em tempos de polarização no mundo, temos que dar um passo atrás e criar curiosidade para com o outro lado. Somente assim, poderemos dialogar como aqueles que discordamos para que uma paz duradoura e o enriquecimento acadêmico possam, efetivamente, acontecer.
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