Cerca de 604 quelônios, das espécies tracajá e iaçá, foram soltos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Juma na última sexta-feira (23).

A ação aconteceu em uma localidade nas proximidades da comunidade Santana do Arauazinho, em Novo Aripuanã (a 227 quilômetros de Manaus).

O projeto na RDS iniciou em 2023, com a capacitação de duas famílias, além do mapeamento das praias que são tabuleiros onde ocorrem as desovas.

A qualificação foi realizada em conjunto com monitores de quelônios da RDS Rio Madeira, que acompanharam a coleta e transferência para a chocadeira durante dois meses.

Coleta e nascimento

A metodologia utilizada no processo de coleta e soltura foi desenvolvida pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), por meio do Projeto Pé-de-Pincha.

Existe um método bem delimitado para evitar o máximo de perdas durante o processo de coleta e eclosão.

Os ovos são colocados dentro de caixas de isopor com substrato, como areia e capim, para evitar choque térmico e rolamentos, e de lá são transferidos para uma chocadeira, um local cercado e que tenha segurança.

O período de desova na região acontece a partir de agosto. Os monitores fazem a coleta dos ovos, replantam nas chocadeiras, e após dois meses, transferem os filhotes para o berçário por mais dois meses, para haver uma taxa de sobrevivência maior.

Três tanques foram utilizados para o processo de cura do umbigo e endurecimento dos cascos dos quelônios.

Quelônios das espécies tracajá e iaçá – Foto: Noir Miranda e Divulgação/Sema

Quando eles nascem e vão direto para a água, a taxa de sobrevivência deles é de 1%. Com esse manejo, a taxa sobe para 18%.

Esse trabalho é feito para haver um repovoamento melhor, principalmente onde não se vê mais a espécie com tanta abundância.

Além disso, para que eles não venham à extinção, devido à pressão da caça e da venda ilegal.

Trabalho comunitário

O trabalho de coleta, monitoramento e construção da chocadeira e berçário foi realizado na propriedade de Ademar Serrão, líder comunitário e morador da região há 29 anos. Os comunitários coletaram cerca de 1.119 ovos, com uma taxa final de eclosão de 54%.