Apesar da queda no desmatamento, a degradação florestal, causada por queimadas em Roraima, puxou o aumento dos índices de destruição na Amazônia, segundo informações do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgadas nesta terça-feira, 21.
Por causa das queimadas em Roraima, a área de floresta degradada na Amazônia foi a maior em pelo menos 15 anos no primeiro quadrimestre, conforme o monitoramento por imagens de satélite do instituto de pesquisa Imazon.
Apenas em abril, foram identificados 693 km² de degradação em Roraima, o que equivale ao tamanho de Salvador (BA).
Em março, esse dano havia sido ainda maior: 2.120 km² de degradação florestal, área maior do que a cidade de São Paulo.
Ou seja, em somente dois meses o estado teve quase 3 mil km² de floresta degradados, o que representa quase 5 mil campos de futebol por dia com o dano ambiental.
O fato fez com que Roraima fosse responsável por 99% da degradação florestal detectada na Amazônia de janeiro a abril deste ano: 2.846 km².
Foi a maior área atingida pelo dano ambiental no período desde 2009, quando o Imazon passou a mapeá-lo além do desmatamento.
“Por isso, é muito importante que enquanto os governos federal e dos estados sigam intensificando o combate à derrubada da floresta, sejam realizadas ações específicas de enfrentamento às queimadas, focando principalmente em Roraima”, sugere Larissa Amorim, pesquisadora do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon.
Além das queimadas em Roraima, há uma seca histórica.
“O risco de queimadas aumenta com o estresse hídrico, que tem sido um grande problema em Roraima. Segundo os nossos monitoramentos da superfície de água no bioma Amazônia, que apresenta dados desde 1985, o estado foi o mais afetado pela redução hídrica, onde as várzeas estão ficando mais secas a cada verão”, explica Carlos Souza Jr, coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon e responsável técnico pela iniciativa MapBiomas Água.
Além das queimadas em Roraima o desmatamento preocupa
Principal fonte de emissão de gases do efeito estufa no Brasil, o desmatamento da Amazônia apresentou em abril seu décimo terceiro mês consecutivo de redução, segundo o Imazon.
Queda essencial para o combate às mudanças climáticas, que deixam eventos extremos como secas e chuvaradas mais frequentes e intensas, capazes de causar graves situações de emergência climática como a vivida atualmente pelo Rio Grande do Sul.
Em abril, foram desmatados 188 km² de floresta, 44% a menos do que no mesmo mês em 2023, quando foram destruídos 336 km².
Já em relação à abril de 2022, a redução apresentada neste ano chega a 84%. Isso porque, há dois anos, a Amazônia perdeu 1.197 km² de mata nativa em abril, sendo a maior taxa para o mês desde 2008, quando o Imazon implantou seu sistema de monitoramento.
Já no acumulado do ano, de janeiro a abril, a destruição da floresta teve uma queda de 58% em relação a 2023, quando foram desmatados 1.203 km², e de 73% se comparado a 2022, quando a devastação atingiu 1.884 km².
Porém, a derrubada no primeiro quadrimestre de 2024 ainda é maior do que a registrada em 2019: 463 km².
MT, AM e RR lideram a devastação
Embora tenham apresentado queda no desmatamento em relação ao primeiro quadrimestre do ano passado, os três estados que mais derrubaram a floresta no período foram: Mato Grosso, Amazonas e Roraima.
Juntos, foram responsáveis por quase 80% do desmate entre janeiro e abril na região.
No caso de Roraima, o desmatamento tem avançado em municípios como Rorainópolis, Iracema, Caracaraí e Cantá, que também sofreram com as queimadas em Roraima.
Os quatro municípios estavam presentes em pelo menos uma das listas mensais dos mais devastados no quadrimestre.
Entre as terras indígenas do estado, a que apresentou maior destruição foi a Raposa Serra do Sol, que registrou 1,4 km² de derrubada entre janeiro e abril.
Fonte: Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia