Debater sobre os desafios para o encerramento dos lixões e sobre as boas práticas de engenharia para o destino correto aos resíduos urbanos foi o que se propôs o seminário “Políticas Públicas em Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos”.
O evento aconteceu em Manaus, entre quinta (18) e esta sexta-feira (19). Este seminário desenvolveu o eixo temático em torno do novo Marco do Saneamento no Brasil, que traz mudanças importantes na gestão dos resíduos sólidos produzidos pelas cidades.
A proposta foi trocar experiências para melhorar a coleta e o tratamento do lixo nas cidades, de forma a garantir acesso a serviços de qualidade e cuidar do meio ambiente. O seminário aconteceu de forma preliminar à elaboração do Plano Municipal de Saneamento.
“[Melhorar a qualidade de vida de Manaus] é o maior objetivo que nós temos hoje, com a construção do Plano Municipal de Saneamento. Água e esgoto já avançamos bem com o ‘Trata Bem Manaus’ e precisamos avançar, agora, na parte de gestão de resíduos sólidos”, explica Alessandro Moreira, vice-presidente do conselho municipal de gestão estratégica de Manaus.
De acordo com Denilson Campello, diretor no Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, Manaus vai receber investimentos milionários do Fundo de Desenvolvimento da Infraestrutura Regional Sustentável, que tem mais de R$ 1 bilhão, para projetos na área de resíduos ou na área de água.
“O fundo já existe, a estruturação desse projeto ainda demora um ano e meio a dois anos, mas o pontapé já foi dado. Eu acredito que até o final desse ano nós já tenhamos isso tudo, o contrato foi assinado para estruturação. É um estudo muito técnico, que vai definir o futuro dos resíduos na região. Estamos trazendo técnicas, contratando empresas, tudo isso bancado pelo nosso fundo. […] Nós não tratamos só do consumismo, mas sim como um material que vai gerar lucros e vai não só para empresa, trazendo resultados também para o Estado”, afirma.
O seminário
No seminário, estavam pesquisadores, especialistas, parlamentares, membros do ministério público e do tribunal de contas, empresários, executivos, gestores públicos e privados, além de lideranças da sociedade civil que atuem no setor.
O primeiro dia do evento foi para visitas ao Aterro Municipal, ao Centro de Tratamento de Resíduos de Manaus e à Fábrica de Geomembranas da TechGround.
No segundo dia, palestrantes e participantes se reuniram no auditório do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM). Eles discutiram a gestão de resíduos sólidos por meio de problemas e experiências bem-sucedidas do Brasil e de outros países.
Por que debater a gestão de resíduos sólidos urbanos?
O novo Marco do Saneamento é um passo importante para melhorar a gestão dos resíduos sólidos urbanos no Brasil. É dele que partiu a discussão do seminário, que foi além e incluiu ainda as experiências bem-sucedidas e as nuances em torno do tema.
A proposta era de aprender com exemplos de sucesso, adaptar tecnologias à nossa realidade e aplicar as melhores práticas de engenharia são essenciais para melhorar a gestão dos resíduos sólidos.
Isso tudo aliado à iniciativa de promover debates técnicos e discutir soluções inovadoras que ajudem a construir um futuro mais sustentável e saudável.
“A gestão de resíduos é um componente de um contexto muito maior, que é a a questão da transição climática de Manaus, [para] então reduzir a emissão de carbono. As cidades são as grandes ofensoras do aquecimento global, da emissão de carbono e têm o desafio de recuperar os seus ecossistemas urbanos. A gente tem a responsabilidade de recuperar os igarapés de Manaus. A gestão de resíduos sólidos é um desses itens, saneamento é outro desses itens, as ecobarreiras são instaladas também compõem essa questão, e a educação ambiental nas escolas. O primeiro passo é separar, temos um índice de separação muito pequeno, de 5% apenas. À medida que aumenta a meta de separação, aumenta a reciclagem”, argumenta Moreira.
Fim dos lixões e reaproveitamento
Encerrar e remediar lixões e “aterros controlados” era um dos objetivos do encontro. O tema envolveu debates técnicos, jurídicos e econômicos para garantir que esses locais sejam fechados de maneira segura e sem causar danos ao meio ambiente.
Além disso, aplicar as melhores práticas de engenharia tanto na implantação, quanto operação de aterros sanitários e estações de transferência, garante que o lixo seja tratado de forma segura e eficiente. O resultado é a redução dos impactos ambientais.
O tratamento de chorume e a valorização de biogás são áreas importantes e pouco aproveitadas regionalmente. Tecnologias avançadas ajudam a transformar o chorume, que é o líquido que sai do lixo, em algo menos prejudicial. Além disso, o biogás, gerado a partir do lixo, pode ser usado como uma fonte de energia limpa.
“O aterro é um problema a ser solucionado, mas é um dos problemas nesse contexto. A gente precisa melhorar e ampliar a coleta seletiva na cidade. Portugal, que é uma experiência interessante para todos nós, tinha grandes dificuldades na gestão de resíduos sólidos e atualmente consegue separar 50% de todo resíduo que é gerado. O resíduo que é gerado no Brasil não difere muito da Europa, em torno de 1 kg por habitante. Se a gente conseguir diminuir metade no aterro, já vai ser um resultado muito significativo do ponto de vista ambiental, mas também do ponto de vista econômico”, completa Alessandro Moreira.
Tecnologias e infraestruturas
Estiveram em pauta, no seminário “Políticas Públicas em Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos”, diferentes modelos de infraestrutura para tratamento e valorização destes resíduos. Estações de transferência e aterros sanitários são exemplos de infraestruturas que ajudam na gestão eficiente do lixo.
Discutir tecnologias operacionais adaptadas à realidade brasileira também é um ponto de destaque. Soluções que funcionam em outros países podem não ser adequadas aqui. Por isso, é importante debater quais tecnologias são mais eficientes para o Brasil.
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