O debate sobre o horário de verão no Brasil voltou à tona com o governo do presidente Lula considerando a possibilidade de reimplementação da medida que foi encerrada em 2019.

O objetivo principal dessa discussão é analisar se a volta do horário de verão pode contribuir para a economia de energia elétrica. Desta vez, especialmente, por conta do cenário marcado por seca e aumento no consumo de energia.

A medida foi inicialmente criada para aproveitar melhor a luz natural e reduzir o consumo de energia elétrica. No entanto, a crise climática atual e a seca prolongada têm colocado pressão adicional sobre o sistema elétrico do país.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sugere que a adoção aliviaria a carga sobre o sistema elétrico durante períodos críticos. A medida impactaria, especialmente, no início da noite quando a geração de energia eólica e solar diminui significativamente.

Segundo Silveira, o horário de verão poderia ajudar a diluir o consumo de energia em horários de pico e reduzir a necessidade de geração adicional com termelétricas e hidrelétricas.

Este é um ponto crucial, considerando que o sistema elétrico brasileiro enfrenta desafios em manter a estabilidade e eficiência durante períodos de baixa produção renovável e alta demanda.

Outros benefícios econômicos do horário de verão

Além das questões técnicas, a discussão sobre o horário de verão também envolve impactos econômicos.

Em setembro de 2023, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) destacou que o adiantamento dos relógios em uma hora pode trazer benefícios econômicos.

A Abrasel afirmou que o horário de verão leva a um aumento médio de 10% a 15% no faturamento do setor de bares e restaurantes entre 18h e 21h, durante o período de adiantamento do relógio.

Esse aumento no faturamento ocorre porque a medida cria uma espécie de “terceiro turno” para o setor. Isso incentiva mais clientes a frequentarem os estabelecimentos durante o horário em que ainda há luz natural.

Além disso, o horário de verão reduz os custos operacionais, uma vez que se usa menos iluminação artificial.

Por que o horário de verão tinha sido extinto?

Extinguiram a medida em 2019 durante o governo de Bolsonaro, que alegava que a mudança não estava mais gerando os benefícios.

Estudos na época mostraram que, embora o horário de verão tivesse como objetivo principal a redução do consumo de energia elétrica, novas mudanças nos hábitos de consumo e o aumento no uso de equipamentos como ar-condicionado estavam anulando esses efeitos.

Em uma pesquisa informal realizada pelo presidente Lula no início do ano passado, a maioria das pessoas se mostrou a favor do retorno do horário de verão. No entanto, a decisão segue pendente e a decisão acontecerá em conjunto com o Palácio do Planalto.

O vice-presidente Geraldo Alckmin destacou que, embora não haja risco iminente de falta de energia, o horário de verão pode ser uma alternativa válida para promover a economia de energia.

Qual a origem do horário de verão?

O Brasil adotou a medida pela primeira vez em 1931, por decreto de Getúlio Vargas. Durante o regime militar, em 1968, lhe suspenderam e só voltaram a lhe adotar novamente em 1985, após o fim do regime autoritário.

Desde então, ajustava o horário anualmente até 2019. Durante a gestão de Bolsonaro, o Ministério de Minas e Energia (MME) observou que a mudança nos hábitos de consumo reduziu a eficácia do horário de verão na economia de energia.

A intensificação do uso de ar-condicionado e outros aparelhos elétricos durante o período de maior demanda foi um dos fatores que contribuíram para a decisão de suspender a medida.

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