Brasileiros de várias partes do país compartilharam no começo deste mês, nas redes sociais, imagens de águas de chuva escurecidas.

A situação chama atenção pelo momento que o Brasil está passando em relação ao meio ambiente, com centenas de focos de incêndio todos os dias e cidades, especialmente na região Norte, cobertas de fumaça.

O que é a chuva preta?

A “chuva preta”, como tem sido chamada, ocorre quando a fuligem de queimadas, cinzas e poluentes atmosféricos se misturam com a umidade.

Essa combinação resulta em uma precipitação de cor escura, segundo o meteorologista Augusto José Pereira, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.

O que é a chuva ácida?

Por outro lado, a chuva ácida é uma consequência direta da poluição do ar. Os gases liberados pela queima de combustíveis reagem com o oxigênio e o vapor de água, formando ácidos que caem sobre a superfície terrestre.

Essa acidificação tem efeitos devastadores nos ecossistemas e representa um risco significativo para a saúde de seres vivos.

Grande parte das emissões de dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio é causada por atividades humanas. A queima de combustíveis fósseis, usada em indústrias e usinas elétricas, é responsável pela maior parte das emissões de dióxido de enxofre.

Já os veículos automotores geram cerca de metade das emissões de óxidos de nitrogênio. Além disso, a exploração pecuária intensiva também libera amônia, resultante da decomposição da matéria orgânica.

Esses poluentes podem viajar grandes distâncias antes de se oxidarem na atmosfera, o que leva à formação de ácido sulfúrico e ácido nítrico. Quando esses ácidos se dissolvem nas gotas de chuva, nevoeiro ou neve, ocorre o fenômeno conhecido como chuva ácida.

Como acontece a chuva ácida. – Foto: Brasil Escola

Diferença entre chuva preta e chuva ácida

Enquanto a chuva ácida depende da presença de poluentes específicos que se transformam em ácidos, a chuva preta está relacionada à fuligem das queimadas.

Karla Longo, pesquisadora do instituto que monitora a fumaça, explicou ao G1 que a chuva preta não é, necessariamente, ácida. A fuligem por si só não altera a acidez da água.

Ela consiste em partículas de matéria orgânica queimada, o que explica a coloração escura da precipitação, sem, necessariamente, modificar seu pH.

Contudo, o meteorologista Giovani Dolif, do Centro Nacional de Desastres Naturais (Cemaden), afirma que a chuva pode tornar-se ácida caso entre em contato com outros poluentes presentes na atmosfera.

No momento, ainda não há confirmação se as concentrações de poluentes são suficientes para alterar o pH da água nas áreas afetadas pela chuva preta, mas a previsão de precipitações até o início da próxima semana pode influenciar essas concentrações.

Riscos e prevenção

Ambos os tipos de chuva representam riscos, tanto ambientais quanto à saúde. Enquanto a chuva ácida danifica ecossistemas e agrava a poluição das águas, a chuva preta pode causar irritação nos olhos, pele e vias respiratórias.

Assim, especialistas recomendam evitar o contato direto com esse tipo de precipitação.

Com informações de G1, Jornal da USP, Iberdrola.

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