O avanço das atividades agropecuárias e mineradoras na Amazônia isolou quase 25% das florestas, fragmentando um ecossistema vital para o planeta e favorecendo a transformação da vegetação em savana.
De acordo com dados de satélite analisados pelo sistema MapBiomas Amazonas, entre 1987 e 2022, cerca de 23% da cobertura amazônica está cercada por terras agrícolas, pastagens, minas e estradas.
Isso representa 193 milhões de hectares — uma área equivalente ao território do México — que foram deixados sem “conectividade ecológica”, ou seja, sem os corredores vegetais que garantem a interação entre estes ecossistemas.
Além disso, outros 108 milhões de hectares — um adicional de 13% — correm o risco de também ficarem isolados. Os dados mostram que mais de 90% do desmatamento está ligado à criação de pastagens.
Consequências do isolamento da Amazônia
Essa fragmentação ameaça a capacidade dos ecossistemas da Amazônia de regular ciclos essenciais, como os do oxigênio, água doce e clima global.
Com o desaparecimento dos corredores ecológicos, os animais têm dificuldades para buscar alimento, acasalar, migrar em épocas de seca ou se refugiar de incêndios florestais.
Isso compromete toda a cadeia ecológica, desde a dispersão de sementes até o equilíbrio dos predadores.
Floresta Amazônica e a savanização
Segundo Néstor Espejo, que participou do estudo, florestas desconectadas são mais vulneráveis ao colapso diante de perturbações, como queimadas.
Ele alerta que a perda de conectividade pode acelerar a chegada ao ponto de não retorno, transformando o ecossistema da Floresta Amazônica em savana.
Adriana Rojas, líder do estudo, destacou que a degradação afetaria diretamente 47 milhões de habitantes da Bacia Amazônica e agravaria a crise climática global, dado o papel fundamental da floresta na captura de carbono.
As conclusões serão apresentadas na COP16, conferência sobre biodiversidade, que acontecerá na próxima semana em Cali, na Colômbia.
Estes alertas são do estudo realizado pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG) e pela Aliança NorAmazônica (ANA), obtido pela AFP.