O Brasil apresentou uma redução de 12% nas emissões de gases do efeito estufa em 2023 em comparação com o ano anterior, segundo dados divulgados pelo Observatório do Clima. As emissões caíram de 2,6 bilhões de toneladas de CO₂e em 2022 para 2,3 bilhões em 2023, representando a maior queda percentual desde 2009, quando o país registrou sua menor emissão histórica, de 1,77 bilhão de toneladas.

A redução foi impulsionada pela significativa diminuição do desmatamento na Amazônia, onde as emissões decorrentes dessa prática caíram 37%, de 1,074 bilhão para 687 milhões de toneladas de CO₂e.

No entanto, o mesmo alívio não foi visto em outros biomas, que juntos resultaram em emissões brutas de 1,04 bilhão de toneladas de CO₂e, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório.

Desafios no combate ao desmatamento em outros biomas

O coordenador do SEEG, David Tsai, avalia que a redução é um sinal positivo, mas alerta para a dependência das políticas de preservação na Amazônia. Ele destaca que, embora o país esteja avançando em sua meta de Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), é essencial que o plano climático também priorize outros setores e biomas para garantir o cumprimento das metas de 2025 e das próximas. Tsai defende a criação de um plano de descarbonização abrangente que ajude a transformar a economia brasileira.

O relatório também aponta um aumento das emissões associadas ao desmatamento em outros ecossistemas. Em 2023, houve crescimento de 23% no Cerrado, 11% na Caatinga, 4% na Mata Atlântica e 86% no Pantanal, enquanto no Pampa houve uma queda de 15%, embora este represente apenas 1% das emissões nacionais.

Para a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Bárbara Zimbres, o sucesso no controle do desmatamento na Amazônia demonstra os impactos positivos de políticas de preservação. Ela destaca, porém, que o avanço do desmatamento em outras regiões é preocupante e exige ações para conter esse “vazamento” e manter o país dentro das metas climáticas.

Emissões decorrentes de queimadas em queda

As emissões geradas por queimadas de pasto e vegetação nativa caíram 38% e 7% em 2023, respectivamente. Embora essas queimadas não sejam contabilizadas como desmatamento, o aumento do risco de fogo devido às mudanças climáticas torna-as uma preocupação crescente.

O Observatório do Clima alerta que esse risco abrange até mesmo áreas de florestas úmidas e reforça a necessidade de estratégias preventivas e de mitigação dos impactos das queimadas.

Com informações da Agência Brasil.