O Brasil possui aproximadamente 74 milhões de hectares de vegetação nativa em propriedades rurais que excedem as exigências do Código Florestal.
Essas áreas têm potencial para gerar pagamentos por serviços ambientais aos proprietários que mantêm a vegetação preservada.
Por outro lado, 21 milhões de hectares desmatados precisam ser restaurados ou compensados para atender à legislação ambiental.
No total, são 95 milhões de hectares aguardando ações de restauração e iniciativas de pagamento por serviços ambientais.
Esses dados fazem parte do 3º Panorama do Código Florestal, realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O estudo analisou informações de mais de 7 milhões de imóveis rurais registrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Segundo o pesquisador Felipe Nunes, áreas que excedem a proteção mínima exigida podem ser usadas para pagamentos por serviços ambientais, promovendo a conservação.
Esse pagamento pode vir de programas governamentais ou da iniciativa privada.
O levantamento também identificou irregularidades no CAR, como sobreposições em terras públicas, unidades de conservação e territórios indígenas, especialmente na Amazônia Legal.
Entre 200 mil imóveis em situação irregular, 26% do desmatamento ocorreu em áreas protegidas ou abaixo das exigências legais.
Para Nunes, aprimorar o CAR e implementar políticas de pagamento por serviços ambientais é essencial para aliar conservação e desenvolvimento econômico.
“Se o Brasil tem essa disponibilidade de milhões e milhões de hectares de vegetação preservada e uma produção agrícola pujante, pode-se ter então a liderança de uma nova agenda mundial, não só nacional, como mundial, de pagamento com serviços ambientais, de sustentabilidade agrícola, mas também implementar um dos maiores programas de restauração florestal em larga escala do mundo”, afirmou.
*Com informações da Agência Brasil e UFMG