Os testículos humanos podem servir como “santuário viral” do Sars-Cov-2, coronavírus que transmite a Covid-19, é o que diz uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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O estudo começou entre janeiro e março de 2021, na segunda onda da pandemia, em Belo Horizonte.

O professor Guilherme Mattos Jardim Costa, do departamento de morfologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da universidade, explica que o órgão acaba preservando o vírus ativo pois não são atacados por células de defesa. Ele complementa ainda dizendo que é o que acontece com a zica e a caxumba.

O professor conta que o vírus ativo foi encontrado nos testículos de pacientes mesmo depois de mais de 20 dias de internação.

“O que nós conseguimos ver é que o vírus encontrado nos testículos dos pacientes analisados estava ativo mesmo depois de mais de 25 dias de internação, o que difere da constatação de que o vírus deixa ser detectado em cerca de 10 dias. A gente chama de ‘santuário viral’, já que o testículo propicia um ambiente imunossuprimido”, disse.

Onze pacientes, de diferentes idades, não vacinados e que morreram da forma severa da doença, participaram da pesquisa. O vírus foi encontrado nos testículos de todos eles. 

“Nós fizemos análises muito acuradas o que dá uma base sólida ao estudo”, disse.

A pesquisa também mostra que o vírus provoca alterações nos testículos, como a fibrose, a morte de célula que dão origem aos espermatozóides e redução de até 30 vezes no nível de testosterona.

“Nós conseguimos mostrar que o vírus promove alteração vascular que mexe com uma cascata de sinalização, desenvolvendo uma resposta inflamatória muito grande e danos do tecido, em consequência da infecção viral”, explica o professor.

As conclusões iniciais da pesquisa foram publicadas em fevereiro na plataforma medRxivum. Atualmente, o artigo passa por revisão na Revista Human Reproduction.

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