Geralmente de origem desconhecida, a leucemia é caracterizada pelo desenvolvimento e proliferação das células leucêmicas (doentes) na medula óssea, afetando a produção das células sanguíneas normais.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), para cada ano do triênio 2020/2022, serão diagnosticados mais de 10 mil novos casos de leucemia no Brasil.
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O impacto do diagnóstico e da jornada de tratamento da doença é bastante desafiador, provocando mudanças físicas, emocionais e até mesmo sociais, não somente para os pacientes, mas também para seus familiares e cuidadores.
Por isso, no Dia Mundial de Sensibilização para a Leucemia Mieloide Aguda, 21 de abril, o médico hematologista Jayr Schmidt Filho esclarece alguns mitos e verdades sobre a doença.
1- Existe apenas um tipo de leucemia
Mito. Segundo o médico, existem mais de 10 tipos de leucemia que são classificadas a partir da velocidade de progressão da doença ou o tipo de célula comprometida.
A divisão mais clássica é entre crônica e aguda, que caracteriza o desenvolvimento da doença, sendo crônica o surgimento mais lento e aguda o mais agressivo; e mieloide e linfoide, que estão relacionadas com o tipo de células afetadas, sendo células mieloides mais comuns em adultos e células linfoides em crianças.
2- Os sintomas da leucemia podem ser confundidos com outras doenças
Verdade. Os principais sintomas da leucemia são anemia, cansaço, palidez e fadiga, queda de imunidade, baixa na contagem de plaquetas, infecções persistentes, febre, hematomas, sangramentos espontâneos, aumento do baço e fígado, além de manchas vermelhas na pele, que podem ser característicos em diversas outras doenças.
Por isso é importante ir ao médico para que seja feito o diagnóstico correto.
3- A leucemia mieloide aguda é o tipo mais grave da doença
Verdade. A leucemia mieloide aguda (LMA) é o tipo mais grave e de rápida progressão da doença.
Relativamente rara, a LMA representa cerca de 1% de todos os cânceres e é mais comum em idosos acima dos 60 anos.
Para melhor tratamento da doença é importante identificar a mutação associada.
A mais comum entre os pacientes de LMA é a mutação do gene FLT3, caracterizada por uma evolução mais severa da doença, com prognóstico desfavorável e maior chance de recidiva, ou seja, quando ocorre o reaparecimento da doença.
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4- É possível prevenir a leucemia
Mito. As causas da leucemia ainda não são definidas, fazendo com que seja difícil sua prevenção.
Entretanto, existem alguns fatores de risco que podem aumentar as chances de desenvolver a doença, como tabagismo, exposição à radiação, tratamento com quimioterapia e radioterapia e síndromes genéticas.
5- O paciente pode precisar de isolamento durante o tratamento
Verdade. A leucemia é uma doença que afeta os glóbulos brancos, células responsáveis pela defesa do organismo, por isso, há uma diminuição na capacidade do organismo combater infecções.
Durante o tratamento, muitos pacientes devem ficar isolados para não correrem risco de contaminação.
De acordo com uma pesquisa antropológica qualitativa, de 2019, realizada na Suécia, a jornada do paciente é bastante desafiadora.
Além do isolamento social, os pacientes acabam não falando muito sobre seus sentimentos, pois estão focados em sobreviver e têm uma permanente inquietação com o risco de ter uma recidiva.
6- Leucemia não tem tratamento
Mito. A jornada de tratamento da leucemia é bastante desafiadora, mas o cenário de tratamento evoluiu muito nos últimos anos.
Após o diagnóstico é necessário que seja realizado um planejamento global de tratamento para que a melhor opção disponível seja iniciada.
Atualmente, o tratamento pode ser feito com quimioterapia, que é o tratamento padrão, terapia biológica e terapia-alvo – tratamento mais recente que ataca especificamente as células cancerígenas, provocando pouco danos às células normais, menos efeitos colaterais, aumento de sobrevida e manutenção da qualidade de vida aos pacientes.
Como uma etapa final da jornada, o paciente pode ser encaminhado para o transplante de medula óssea, que é a principal chance de cura para a leucemia.
Inclusive, com a chegada das terapias-alvo nos últimos quatro anos, pacientes de LMA em recidiva podem contar com uma nova chance de realizar o transplante de medula óssea.
7- A leucemia pode ser diagnosticada por exame de sangue
Verdade. Por meio do hemograma (exame de sangue) é possível identificar alterações como escassez de glóbulos vermelhos, alteração na contagem dos glóbulos brancos e menor número de plaquetas, que podem ser o primeiro indício para a doença.
Mas, para confirmação do diagnóstico, é necessário realizar exames específicos, como mielograma e testes moleculares e genéticos, que vão identificar a mutação presente na doença, para que seja possível seguir com o tratamento mais eficaz e personalizado para o paciente.
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