O Brasil tem atualmente cerca de 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer diariamente, é o que revela dados são do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no país.

Em números absolutos, são 14 milhões de pessoas a mais passando fome no país, quase o dobro do contingente em situação de fome estimado em 2020.

A pesquisa foi realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN).

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As estatísticas foram coletadas entre novembro de 2021 e abril de 2022, a partir da realização de entrevistas em 12.745 domicílios, em áreas urbanas e rurais de 577 municípios, distribuídos nos 26 estados e no Distrito Federal

A Segurança Alimentar e a Insegurança Alimentar foram medidas, mais uma vez, pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), que também é utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Dados

O 1º inquérito, divulgado em abril do ano passado, estimava em 19 milhões o total de brasileiros que não tinham nada para comer em 2020, cerca de 9 milhões a mais que em 2018, quando essa população somava 10,3 milhões de pessoas.

No Brasil de 2022, apenas 4 em cada 10 domicílios conseguem manter acesso pleno à alimentação – ou seja, estão em condição de segurança alimentar.

Os outros 6 lares se dividem numa escala, que vai dos que permanecem preocupados com a possibilidade de não ter alimentos no futuro até os que já passam fome.

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Em média, considerando todas as regiões, 3 em cada 10 famílias relataram incerteza quanto ao acesso a alimentos em um futuro próximo e preocupação em relação à qualidade da alimentação no futuro imediato.

 Quatro em cada 10 famílias das regiões Norte e Nordeste, 3 em cada 10 das regiões Centro-Oeste e Sudeste, e 2 em cada 10 da região Sul relataram redução parcial ou severa no consumo de alimentos nos três meses que antecederam as entrevistas. 

As formas mais severas de insegurança alimentar (moderada ou grave) atingem fatias maiores da população nas regiões norte (45,2%) e nordeste (38,4%).

Região Norte

A insegurança alimentar segue como uma questão que atinge as regiões do Brasil de forma desigual.

No Norte e no Nordeste, os números chegam, respectivamente, a 71,6% e 68% – são índices expressivamente maiores do que a média nacional de 58,7%.

A fome fez parte do dia a dia de 25,7% das famílias na região Norte e de 21% no Nordeste.

A média nacional é de aproximadamente 15%, e, do Sul, de 10%.

Áreas Rurais

A insegurança alimentar está presente em mais de 60% dos domicílios das áreas rurais.

Desses, 18,6% das famílias convivem com a fome, valor maior do que a média nacional.

A pobreza das populações rurais, associada ao desmonte das políticas de apoio às populações do campo, da floresta e das águas, continua impondo a fome.

Agricultores

A fome atingiu 21,8% dos lares de agricultores(as) familiares e pequenos produtores(as) rurais.

As formas mais severas de insegurança alimentar (moderada e grave) atingiu o total chega a 38% dos domicílios – cenário ainda mais preocupante nas regiões Norte (54,6%) e Nordeste (43,6%).

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