Há extamente 20 anos, morria o maior médio do Brasil: Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier (1910-2002). 

Ele costumava dizer que iria “desencarnar” em um dia de festa para o Brasil, e foi o que ocorreu. A personalidade amplamente conhecida no Brasil morreu, aos 92 anos, no dia em que o Brasil venceu a Alemanha na final da Copa do Mundo e conquistou o sonhado pentacampeonato. 

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O filho de um vendedor de bilhetes de loteria e de uma lavadeira, ambos analfabetos, havia se tornado o maior médium brasileiro, tendo escrito mais de 10 mil cartas psicografadas e se consolidado como dono de uma obra de mais de 450 livros, cuja autoria sempre foi atribuída a espíritos. No total, vendeu cerca de 50 milhões de exemplares. As informações são da BBC Brasil.

Nascido em Pedro Leopoldo, pequeno município na região metropolitana de Belo Horizonte, Xavier alcançou a notoriedade com a publicação de seu primeiro livro, embora fenômenos mediúnicos já fizessem parte de sua vida desde a tenra idade.

Em 1932, ele ganhava a vida como vendedor e tecelão e costumava publicar poesias em jornais e sempre atribuindo os textos a autores mortos.

Xavier se tornou o maior nome do espiritismo kardecista brasileiro. E também foi o que trouxe muitos adeptos para a doutrina fundada na França no século 19.

“Chico Xavier não foi só o grande médium, mas todo o espiritismo brasileiro ganhou uma feição diversa depois de sua aparição. Ele não é apenas um médium carismático, é antes de tudo um modelo de espírita exemplar, que é também um modelo de santo cristão exemplar a ser seguido e imitado em sua caridade, humildade e renúncia, não por acaso temas do catolicismo”, contextualiza o filósofo e antropólogo Bernardo Lewgoy, professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e autor do livro O Grande Mediador: Chico Xavier e a Cultura Brasileira.

“Ele nacionalizou o espiritismo kardecista francês, criando uma escatologia nacional própria nos anos 30 e 40. Por outro lado, aproximou o antigo Kardecismo elitista das pessoas mais simples, valorizou as mulheres como personagens ativas nos centros espíritas e na prática familiar do espiritismo”, complementa.

Um dos temas centrais do livro O Grande Mediador é como Xavier conseguiu popularizar o espiritismo em um país de raízes fortemente católicas como o Brasil. 

“O espiritismo chegou ao Brasil no século 19, quando o catolicismo era religião oficial do Império. Seu discurso era fundamentalmente cristão. E ele sempre fazia questão de dizer que a Igreja Católica era o berço de todos nós”, ressalta o jornalista Souto Maior.

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