O Ibama acompanhou a soltura inédita de um peixe-boi-marinho (Trichechus manatus) realizada no final de maio no litoral do Rio Grande do Norte.
O animal está ameaçada de extinção no Brasil.
O evento, resultado de exigência do Licenciamento Ambiental Federal (LAF), foi o primeiro a ocorrer no estado.
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Apelidado de Gabriel, o animal foi encontrado encalhado e ainda recém-nascido em 2017, na Praia de Quixaba, em Aracati (CE).
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia Potiguar (PMP-BP), exigido pelo Ibama no âmbito do LAF para empreendimentos de exploração ou produção de Petróleo e Gás, foi fundamental para o resgate e reabilitação do mamífero.
Quando resgatado, Gabriel foi estabilizado por profissionais de organização não-governamental (ONG) e transferido para o Centro de Reabilitação de Animais Marinhos do Projeto Cetáceos da Costa Branca, da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (PCCB/UERN).
Lá permaneceu por cinco anos em reabilitação, aos cuidados de médicos-veterinários, biólogos e tratadores.
A alimentação do filhote era constituída basicamente por composto lácteo, oferecido com ajuda de mamadeira subaquática especialmente desenvolvida para alimentar animais dessa espécie.
Aos poucos, foram acrescentados à dieta alimentos sólidos como capim-agulha e algas marinhas.
![](https://www.gov.br/ibama/pt-br/assuntos/noticias/2023/ibama-acompanha-soltura-inedita-de-peixe-boi-marinho-no-rn/2023_06_15_peixe_boi_interna_02.jpeg/@@images/5decd0da-478d-4055-9a30-d11daa3f2620.jpeg)
Peixe-boi
Na vida adulta, Gabriel mostrou-se ativo para voltar ao seu habitat.
Desde 2022 o animal foi mantido em cativeiro de aclimatação localizado na Reserva Estadual de Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão, em Diogo Lopes (RN).
“Nesse tipo de recinto os peixes-bois-marinhos conectam-se à dinâmica e oscilação das marés, correntes marinhas e demais condições ambientais, reaprendendo os comportamentos necessários para enfrentar os desafios da vida livre”, ensina André Favaretto, analista ambiental do Ibama.
Outros cinco espécimes reabilitados pelo PCCB/UERN que haviam se juntado a Gabriel no recinto de aclimatação ainda serão devolvidos à natureza.
Desde que ganhou liberdade, Gabriel permanece monitorado remotamente por equipamentos especiais.
A cada dia amplia um pouco a sua área de exploração, num processo cauteloso de reaprendizado para viver no litoral potiguar, uma vez que passou os últimos seis meses aos cuidados de tratadores humanos.
![](https://www.gov.br/ibama/pt-br/assuntos/noticias/2023/ibama-acompanha-soltura-inedita-de-peixe-boi-marinho-no-rn/2023_06_15_peixe_boi_interna.jpeg/@@images/af2c721c-4d57-4ec6-b6b0-e2ce2617e27b.jpeg)
Ameaça de extinção
No Brasil, o peixe-boi-marinho é considerado o mamífero aquático com maior grau de ameaça de extinção.
A Bacia Potiguar, que inclui o litoral do Ceará e do Rio Grande do Norte, é recordista nacional de encalhes de peixes-bois-marinhos vivos.
Em sua maioria filhotes recém-nascidos que não conseguiriam sobreviver em vida livre se não fossem resgatados e reabilitados por profissionais especializados, em instalações físicas apropriadas.
O acesso rápido a filhotes encalhados e a reabilitação cuidadosa possibilitam uma segunda chance aos animais, reforçando o banco genético da população nativa em alinhamento às estratégias nacionais de conservação..
Cerca de outros 30 peixes-bois-marinhos encontram-se em reabilitação.
Eles serão gradativamente devolvidos à natureza, como forma de recuperar as populações ameaçadas e repovoar áreas onde foram extintos.
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