O copiloto Humberto de Campos Alencar da Silva, 61 anos, passou as férias com o filho no Amazonas dias antes de perder a vida no trágico acidente do avião da Voepass que caiu no dia (9), em Vinhedo, interior de São Paulo.
Humberto deixa quatro filhos, incluindo, um amazonense que recebia a visita do pai em Manaus. O copiloto trabalhou por anos na região e realizava voos particulares em táxi-aéreo.
Direto de São Paulo, o filho mais velho de Humberto, o amazonense Leonardo Pinheiro contou como ficou sabendo do acidente em entrevista exclusiva para o programa Tá Na Hora Amazonas da TV Norte exibida nesta quarta-feira (14).
“Quando a gente recebeu a notícia eu estava almoçando em Manaus e foi um baque, um choque muito grande porque ninguém espera que vá acontecer com ninguém. E dessa forma, então, não preciso nem falar né?”, relembrou.
Ainda tentando digerir a fatalidade, Leonardo tem encontrado forças em solidariedade com os familiares das outras 61 vítimas desde a queda da aeronave. Muitos corpos ainda estão sendo identificados pela perícia.
“Tentamos até o último segundo procurar se ele tinha perdido o voo, se estava em outro lugar porque é difícil de acreditar. Ele foi um dos primeiros a ser reconhecido, apesar de muito machucado, o corpo dele estava inteiro enquanto outros corpos não foram reconhecidos”, disse Leo.
O corpo de Humberto foi enterrado na segunda-feira (12).
Copiloto do avião Voepass passou férias no Amazonas
Sendo um pai presente e com filhos vivendo em Manaus e São Paulo, Humberto não media esforços para vê-los. Sempre que havia uma oportunidade, realizava uma ponte aérea para estar perto do primogênito.
“Um mês antes do acidente meu pai tirou férias em Manaus e nós fizemos diferente de outras vezes. Passeamos muito, fomos em Presidente Figueiredo, fizemos trilha, cachoeira, Ele adorava ir pro Mercado Municipal, inclusive tem vários amigos lá. Passeamos na cidade inteira, então a gente realmente estava sentindo que era uma despedida”, contou Leonardo.
Nos dias em que esteve pelo Amazonas, Humberto fez tudo que ele mais amava, principalmente, comer peixe assado.
“Me atendeu aos prantos”, relembra outro filho de copiloto ao receber a triste notícia
Para o segundo filho, Gabriel Pinheiro, o pai não media esforços para estar em família. Também residente em Manaus, Gabriel se mudou com Humberto para São Paulo após os pais se separarem. Passou um tempo em Boa Vista e depois foi para o Rio Grande do Sul.
“Toda oportunidade que tinha a gente se encontrava e quando infelizmente não dava pra gente encontrar fisicamente, a gente se falava por ligação e sempre que ele me ligava enquanto eu tava trabalhando eu ficava no telefone com ele pra gente conversar por longa horas, três a quatro horas com meu pai, conversando de tudo e mais um pouco. Era uma pessoa à disposição para dar conselhos e também gostava de ouvir conselhos dos filhos.
Gabriel relembra que no dia do acidente estava de plantão no hospital quando recebeu mensagem da esposa relatando sobre a queda do avião da Voepass.
“Ela falou “liga pro teu pai”. Eu tentei ligar e ele não atendia. Daí eu pensei, ele está na fazenda com meu avô, deve estar na estrada. Alguma outra coisa assim”, disse Gabriel.
“Liguei para a mãe do Bernardo (filho caçula de Humberto). Ela me atendeu chorando, aos prantos, dizendo que meu pai estava nesse voo. Enquanto não saía a lista dos tripulantes que estavam nesse voo, eu não acreditei. Mas chegaram as notícias e tudo se confirmou”, relembrou.
Caçula estava na escola: “Fiquei gelado”
Conforme as notícias do acidente com o avião da Voepass tomavam conta da mídia e eram compartilhadas Brasil afora, o filho caçula do copiloto, Bernardo Alencar, estava na escola assistindo, coincidentemente, um filme sobre pai e filho.
“Duas psicólogas foram na minha sala, me buscaram e falaram que minha mãe estava me esperando. Eu desci para recepção e minha mãe estava chorando”, disse.
Sem entender o que acontecia, Bernardo primeiro foi ao banheiro e ficou pensando no que teria acontecido para a mãe dele estar naquela situação. Ao saber da notícia, custou acreditar.
“Aí ela disse pra mim que o voo que meu pai estava caiu. Eu comecei a chorar espernear, fiquei gelado, comecei a suar. Aí eu pensei, não, mas ele não morreu. Minha cabeça parecia que tinha alguma coisa achando que ele não tinha falecido”, contou.
Mesmo em meio à tristeza, Bernardo tem recebido acolhimento da família para passar esse momento de luto.
“Meu coração está bem triste, mas eu também me sinto bem acolhido, porque eu tô aqui com a minha família, meus irmãos, primos, tios. Estou com todo mundo aqui me apoiando, me ajudando para ficarmos junto para se acolher e ficar bem”, finalizou.
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