O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta sexta-feira (4), os resultados do Censo 2022, revelando que 28,82% da população indígena no Brasil não possui acesso a saneamento básico.
A taxa é significativamente maior do que a da população total do Brasil, que foi de 2,97% no mesmo período analisado.
Por fim, um levantamento divulgado em março deste ano mostrou que a Região Norte possui os piores índices de saneamento básico do país.
Desigualdade nas Terras Indígenas
O IBGE aponta que as falhas nas infraestruturas de saneamento atingem de forma mais severa a população indígena, especialmente nas Terras Indígenas, onde 56,98% dos habitantes enfrentam a falta de condições adequadas de saneamento.
Além disso, 69,72% dos indígenas no Brasil lidam com a falta ou inadequação de pelo menos um dos serviços de saneamento básico, como abastecimento de água, tratamento de esgoto e coleta de lixo. Esse percentual também é superior ao da população total, que é de 27,26%.
Em relação ao abastecimento de água, 36,79% dos lares que abrigam indígenas não tinham acesso a esse recurso essencial, seja através da rede pública, poços, fontes ou nascentes.
Nas Terras Indígenas, essa situação é ainda mais crítica, com 69,24% dos residentes sem abastecimento, comparado a 6,03% na população em geral.
Muitas comunidades indígenas obtêm água de fontes alternativas, como caminhões-pipa, água da chuva, rios, açudes, córregos, lagos e igarapés. Ademais, 60,17% dos domicílios que têm pelo menos um indígena não dispõem de banheiros ou sanitários adequados para o tratamento do esgoto.
Essa taxa aumenta para 85,42% nas Terras Indígenas, em contraste com 23,82% da população geral. A destinação do esgoto em áreas indígenas muitas vezes ocorre por fossas rudimentares, buracos, valas ou corpos d’água.
A coleta de lixo é realizada em apenas 55,27% das residências que abrigam indígenas no Brasil.
Condições habitacionais
Em 2022, havia 630.428 domicílios no Brasil que contavam com pelo menos um indígena, o que representa 0,87% do total de moradias do país.
Dentre esses lares, 91,93% são casas, enquanto apenas 3,1% são construções típicas sem paredes ou malocas.
Em Terras Indígenas, essa proporção chega a 8,15%. Atualmente, o número de apartamentos habitados por indígenas supera o de moradias tradicionais de povos originários.
Tipos de habitação
De acordo com o IBGE, a distribuição dos tipos de habitação onde vivem indígenas é a seguinte:
- Casa: 91,93%;
- Apartamento: 3,51%;
- Habitação indígena sem paredes ou maloca: 3,10%;
- Casa de vila ou condomínio: 1,11%;
- Habitação em casa de cômodos ou cortiço: 0,26%; e
- Estrutura residencial permanente degradada ou inacabada: 0,08%.
Segundo o instituto, as habitações indígenas apresentam uma ampla variedade em termos de tamanho e complexidade, podendo ser simples, sem paredes, ou mais elaboradas, com vários cômodos.
Normalmente, são construídas com taquaras e troncos, cobertas com palha ou outros materiais. Os nomes dessas estruturas podem variar conforme a região, sendo denominadas de malocas, palhoças, choupanas, cabanas ou casebres.