Francisco de Assis Pereira, conhecido como “Maníaco do Parque”, foi sentenciado a mais de 200 anos de prisão em 1998 por ser responsável pela morte de sete mulheres. Ele admitiu, entretanto, ter assassinado um total de onze vítimas, além de ter realizado 23 ataques.

As vítimas apresentavam algumas semelhanças: todas eram mulheres, tinham menos de 24 anos e foram assassinadas no Parque do Estado, situado na zona sul de São Paulo (SP).

Ademais, a mãe do “Maníaco do Parque” revelou, em agosto deste ano, que o filho recebe cartas e dinheiro de fãs.

As vítimas do “Maníaco do Parque”

Patrícia Gonçalves Marinho

Patrícia Gonçalves Marinho, aos 24 anos, desapareceu em 17 de abril de 1998. Ela morava na zona leste de São Paulo e trabalhava como vendedora na área da Sé. Seu corpo foi encontrado apenas três meses depois, em 28 de julho.

O maníaco se passava por caça-talentos para atraí-la. Segundo a investigação, Francisco alegou que conheceu Patrícia em uma galeria na rua 24 de Maio e que, posteriormente, os dois foram de moto para um acampamento no Parque do Estado, onde ele a estuprou e a estrangulou com os cadarços de suas botas.

Selma Ferreira Queiroz

Selma Ferreira Queiroz, de 18 anos, moradora de Cotia, desapareceu em 3 de julho de 1998. Seu corpo foi encontrado no dia seguinte, na mata do Parque do Estado, com evidências de espancamento e violência sexual.

A vítima também tinha marcas de mordidas nos seios, no interior das pernas e nos ombros. O laudo indicou que Francisco também estrangulou Selma.

Na ocasião de seu desaparecimento, ela havia feito exames para rescisão contratual na Liberdade e avisou ao namorado que não poderia vê-lo durante a partida do Brasil na Copa do Mundo.

Raquel Mota Rodrigues

Raquel Mota Rodrigues, natural do Rio Grande do Sul, tinha 23 anos e morava no Jabaquara, em São Paulo, quando desapareceu em janeiro de 1998.

Ela procurava emprego em uma loja de móveis na rua Teodoro Sampaio e, momentos antes de desaparecer, contou a uma prima que iria posar como modelo para um rapaz em Diadema. Seu corpo foi encontrado na mata do parque em 29 de janeiro, também sem roupas.

Isadora Fraenkel

Isadora Fraenkel, que tinha 19 anos, desapareceu no dia 10 de fevereiro de 1998. Seu corpo foi descoberto em agosto, seis meses após seu sumiço, e encontrava-se em estado avançado de decomposição.

A investigação sugeriu que o “Maníaco do Parque” teria queimado o corpo dela depois de ser convocado a depor sobre seu desaparecimento.

Francisco afirmou que Isadora era sua namorada e que usou um talão de cheques dela com autorização, mas o pai da jovem negou essa afirmação. A polícia localizou os restos mortais de Isadora após Francisco indicar o local na mata do parque.

Rosa Alves Neta

Rosa Alves Neta, aos 21 anos, era telefonista e desapareceu em 24 de maio de 1998. Seu corpo foi encontrado em 9 de julho, e Francisco confessou que a estrangulou. Em seu depoimento, ele declarou que foi “fácil demais” levar Rosa do Parque Ibirapuera para a mata do Parque do Estado.

Ela saiu de casa no Valo Velho, na divisa com Itapecerica da Serra, e estava em um estado emocional delicado devido ao fim de um relacionamento.

Elizângela Francisco da Silva

Elizângela, natural de Londrina, Paraná, desapareceu em 9 de maio de 1998, na avenida Rebouças, em Pinheiros. Ela tinha ido a um shopping e foi encontrada morta na mata do parque em 28 de julho.

A conservação da pele do polegar de Elizângela possibilitou a identificação dela, permitindo a coleta de sua impressão digital. Os peritos conseguiram realizar a identificação após reidratar o dedo com glicerina e formol.

Como a polícia descobriu os casos?

Em julho de 1998, a polícia de São Paulo localizou os corpos de seis mulheres no Parque do Estado. O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) começou a investigar a possibilidade de que as mortes estivessem conectadas a um único autor.

As vítimas apresentavam sinais de violência sexual e estavam despidas, o que rapidamente atraiu a atenção da mídia e levou à criação do apelido “Maníaco do Parque” para o responsável pelos crimes.

Sobreviventes forneceram informações essenciais que ajudaram a identificar Francisco de Assis Pereira e a elaborar um retrato falado. A polícia o prendeu em agosto de 1998, apenas 23 dias após a divulgação do retrato, na cidade de Itaqui, a 731 km de Porto Alegre.

Entrevista

Em uma entrevista à Folha de S.Paulo, em 2001, o “Maníaco do Parque” descreveu seus sentimentos ao cometer os crimes:

“Me aproximava das meninas como um leão se aproxima da presa. Eu era um canibal. Jogava tudo o que eu podia para conquistá-la e levá-la para o parque, onde eu acabava matando e quase comendo a carne. Eu tinha uma necessidade louca de mulher, de comê-la, de fazê-la sentir dor. Eu pensava em mulher 24 horas por dia”, disse o criminoso.

Atualmente, Francisco cumpre pena em um presídio no interior de São Paulo. Em julho de 2020, Josmar Jozino, em sua coluna no UOL, relatou que ele passava horas sentado sozinho no pátio do Pavilhão 3 do presídio, bordando tapetes e toalhas para banheiro.

Por fim, funcionários da instituição informaram que o “Maníaco do Parque” não mantinha amizades. Ele cultivava o hábito de ler a Bíblia Sagrada diariamente e frequentava cultos evangélicos ao menos uma vez por semana, fazendo orações em voz baixa e com os braços erguidos.