Nesta quarta-feira (20), o Brasil celebra o Dia da Consciência Negra, que pela primeira vez será reconhecido como feriado nacional.

A medida foi sancionada em dezembro de 2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ampliando a visibilidade de uma data que já era comemorada em alguns estados e municípios.

O dia homenageia Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência contra a escravidão no país, e marca um momento de reflexão sobre os desafios ainda enfrentados para alcançar uma sociedade mais justa e igualitária.

Embora a escravidão tenha sido abolida há mais de um século, o racismo estrutural ainda afeta a população negra no Brasil, especialmente no mercado de trabalho. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostram que:

  • 66% das pessoas resgatadas de condições análogas à escravidão entre 2002 e 2024 eram negras;
  • No 2º trimestre de 2024, a taxa de desemprego geral foi de 6,9%, mas atingiu 10,1% entre mulheres negras, o dobro da registrada entre homens não negros (4,6%).

A subsecretária de Estatística e Estudos do Trabalho, Paula Montagner, destaca que as mulheres negras ocupam majoritariamente cargos mal remunerados, como serviços domésticos e de limpeza.

“Eles ainda enfrentam a dura realidade de viver numa sociedade estruturalmente racista. A cor da pele continua limitando o acesso a postos de trabalho com uma remuneração melhor”, afirma.

Impactos da pandemia e diferença salarial

A pandemia de Covid-19 agravou ainda mais a situação das mulheres negras. Muitas perderam empregos como empregadas domésticas, setor já marcado pela precarização. Além disso, a desigualdade salarial é evidente:

  • Mulheres negras recebem 50,2% da remuneração de homens brancos em funções equivalentes, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2023;
  • Em 42,7% das empresas analisadas, mulheres negras representavam menos de 10% do quadro de funcionários.

Avanços na educação e desafios na informalidade

Apesar das desigualdades, os últimos anos têm registrado avanços na escolaridade da população negra. Entre 2019 e 2024, houve aumento no número de pessoas com ensino superior completo, especialmente entre mulheres negras.

No entanto, a informalidade ainda é um obstáculo. No 2º trimestre de 2024:

  • 44,1% dos homens negros estavam em trabalhos informais, contra 34,6% dos homens não negros;
  • Entre as mulheres negras, a taxa foi de 41%, superando a de mulheres não negras (31,9%).