Nos dias de hoje é raro encontrar uma pessoa que não dispende horas a fio navegando pelo celular ou demais dispositivos eletrônicos.

Com a sanção do projeto de lei que restringe o uso de celulares nas escolas públicas e privadas de todo o Brasil, o impacto desses aparelhos na vida das pessoas voltou a ser discutido.

A proposta proíbe o uso de celulares durante as aulas com o argumento de que o excesso de exposição às telas traz prejuízos para o aprendizado, a socialização e a saúde mental de crianças e adolescentes.

A social media, Rita Holanda, de 25 anos, é alguém que usava o celular quase 24 horas por dia. Além do trabalho exigir um longo tempo de uso, ela tinha medo de ficar “desconectada”.

“Eu tenho medo de acontecer alguma coisa e eu não estar ali para ver. Então, a minha frequência de uso é muito alto, e principalmente devido a minha profissão que “exige” que eu esteja atenta às trends e pronta para resolver os problemas dos meus clientes o mais rápido possível”.

Essa rotina ‘online’ começou a gerar problemas de saúde, como gastrite nervosa, ansiedade, depressão e até prejudicar a socialização.

“Eu tenho gastrite nervosa, então ela ataca se eu estiver muito tempo longe do celular. Também começou a prejudicar as minhas relações. Quando saio com amigos fico vendo muito o celular”, explica a social media.

Só quando Rita foi ‘obrigada’ a ficar sem sinal de internet que caiu a ficha do quanto ela estava viciada.

“Uma vez fui para o interior e não tinha sinal de internet. Aquela situação me deixou muito aflita, meu celular ficou no bolso e por isso, eu interagi mais com as pessoas. Eles até falaram: nossa, é a primeira vez que a gente está vendo o rosti da Rita!’, porque fico com o rosto abaixado olhando o celular”, conta.

O que é?

A nomofobia é o medo de ficar sem celular ou internet. Essa condição tem a ver com a dependência à tecnologia, uma vez que a internet e as redes sociais aumentaram a necessidade de “estar sempre conectado” .

Os principais sintomas da nomofobia são:

  • sentir ansiedade ou angústia só de pensar em ficar sem o celular;
  • preocupação exagerada em manter o aparelho carregado ou conectado;
  • checar o celular o tempo todo;
  • ficar irritado ou inquieto quando não consegue usar o dispositivo;
  • ter dificuldade para focar em outras coisas por causa do celular;
  • problemas para dormir, já que o uso excessivo atrapalha o sono.

Segundo a psicóloga clínica e neuropsicóloga, Juliana Gebrim, os impactos na saúde mental podem ser sérios.

“A nomofobia aumenta o estresse e a ansiedade, prejudica o sono, atrapalha as relações sociais, faz a produtividade cair por falta de concentração e pode até levar à depressão. O uso constante das redes sociais também pode provocar sentimentos de tristeza ou inadequação, já que é fácil cair na comparação com os outros”, explica ela.

Soluções

Para reduzir o impacto do celular na vida dela, Rita começou a adotar algumas estratégias, como fazer, desativar algumas redes sociais por um tempo, diminuir o tempo de uso e filtrar os conteúdos que consome.

“Depois das 19h da noite não mexer tanto, foco em outras atividades que não envolvam o celular, como fazer academia. Também ao acordar, tomar café e banho primeiro, antes de mexer no celular. Quando estou com meus amigos tento ao máximo deixar o celular longe, porque as vezes ele fica bipando muito”, comenta.

Segundo Juliana Gebrim, estratégias simples podem ajudar. São elas:

  • É importante criar limites para o uso do celular, como definir horários específicos ou deixar o aparelho de lado em alguns momentos do dia;
  • Desativar notificações pode reduzir aquela sensação de urgência;
  • Outra dica é começar a se desconectar aos poucos, começando com intervalos curtos sem o aparelho;
  • Investir em atividades offline, como praticar um hobby, fazer exercícios ou passar tempo com amigos e família, também faz toda a diferença;
  • À noite, tente criar uma rotina longe das telas para melhorar o sono;
  • Se o problema for mais intenso, buscar ajuda de um psicólogo pode ser fundamental para entender e tratar essa dependência.