Dona Maria Olinda encontrou na energia solar uma solução para abater os gastos com a conta de luz. A amazonense pagava, mensalmente, cerca de R$ 1.500 pelo uso de refrigeradores devido às altas temperaturas na região.
Há dois anos, ela transformou sua residência numa usina de energia solar e, agora, paga apenas a taxa de R$ 120. O investimento para tornar isso possível foi de R$ 90 mil e reduziu em 92% o valor na fatura.
Foram instaladas 36 placas fotovoltaicas (dispositivos que convertem a luz do sol em energia elétrica) com manutenção trimestral, na casa onde mora no Núcleo 15 da Cidade Nova, zona norte de Manaus.
Energia solar cresce no Amazonas
O mercado de energia solar tem crescido no Amazonas. Atualmente, são 11.647 unidades prossumidoras instaladas em residências do estado, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
De acordo com a presidente da Associação Amazonense de Energia Solar (AmeSolar), Helane Souza, o segmento já movimentou R$ 800 milhões em projetos de usinas nos municípios da região, desde 2012.
“É uma geração distribuída para aqueles que produzem energia para consumo próprio, sem afetar o ecossistema amazônico ao consumir energia renovável e limpa. A opção tem sido alternativa para fugir dos altos custos das contas de luz”, comenta Helane.
Em julho deste ano, Manaus alcançou o 9º lugar no ranking de municípios do Brasil que mais produzem geração de energia solar, conforme dados da Associação Brasileira de Energia Solar (ABSolar).
“Os amazonenses têm vantagem em relação a outras regiões do país. As altas temperaturas favorecem uma descarga de radiação ideal para implementar a tecnologia com as placas. É soma de economia e sustentabilidade”, reforça a presidente da AmeSolar.
Demanda nas empresas
A instalação de paineis solares vive escalada no setor de energia solar no Amazonas. Foram 1.732 novas usinas de micro e minigeração conectadas à rede da Amazonas Energia, no 2º semestre de 2024. O número equivale a 216 novos consumidores próprios por mês, conforme a Aneel.
Para atender a demanda, o CEO da Solalux, Werner Albuquerque, tem reestruturado a operação do negócio. “A gente está investindo na cultura da empresa, compliance, valores, SAC, pós-venda e processos inovadores”, disse o fundador que possui carteira de clientes como Fogás, Electrolux, Sempi TCL, Voith, BMW e outros.
A Solalux é uma empresa amazonense com projetos também no Pará e Roraima, na região norte. Com afiliado em Santa Catarina ampliou os serviços para São Paulo, Brasília, Paraná e Rio Grande do Sul.
Outra empresa do ramo é a Nascente Energia Solar, comandada pelo CEO, Donny Nascimento. Em três de funcionamento acumula 300 clientes, sendo 210 somente em Manaus e demais distribuídas nos municípios de Roraima e Pará.
“O investimento do cliente depende do volume de energia consumida na rotina do usuário. Uma casa de pequeno porte com dois quartos, sala e cozinha consome R$ 800 em kWh/mês. Um projeto para essa estrutura varia entre R$ 17 mil”, calcula o fundador da Nascente.
Entre as maiores instalações realizadas pela empresa manauara foi uma usina com 706 placas que antes tinha gastos de luz no teto de R$ 50 mil. O sistema sustentável proporciona alívio para donos de estabelecimentos que pensavam em fechar o negócio por conta do alto valor na eletricidade.
Dados do setor no país
O Brasil atingiu o 8ª lugar na lista de países que mais produzem esse tipo de energia no mundo, desde 2022. O setor movimentou mais de 50 bilhões de investimentos, somente em 2023. Os dados são da ABSolar.
No país, a instalação de usinas em casas, comércios e indústrias se tornou possível em 2012 após resolução normativa 482 da Aneel. A regulamentação permite que pessoas tenham suas placas solares conectadas a uma rede distribuidora.
Desde então, o cliente não precisa da bateria para armazenar energia nessa modalidade. É necessário que as placas fotovoltaicas estejam conectadas a um inversor solar fotovoltaico após autorização da concessionária de energia local.
“Essa estrutura trouxe maior competitividade para o mercado porque o valor das placas, baterias e demais custos com a usina, eram altos. Era inacessível essa solução para o consumidor, mas de lá pra cá, o cenário é promissor”, finaliza Helane da AmeSolar.
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