Após cinco dias de julgamento, o Júri Popular decidiu pela absolvição dos militares Antônio de Jesus Batista, Alan Melo Martins, Josemar Barbosa, Wladimir Soares e Raimundo Costa.
A justiça acusou os policiais de envolvimento no caso da menina de 11 anos, identificada como Maria Cauane, que foi morta durante uma operação no Acre. Além disso, as autoridades também assassinaram Gleiton Silva Borges e Edmilson Fernandes da Silva Sales.
O julgamento aconteceu na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Rio Branco, no Fórum Criminal da Cidade da Justiça, com a presidência do juiz Robson Aleixo e a atuação do promotor Carlos Pescador. Ao longo do processo, a justiça ouviu 17 testemunhas de acusação e 13 de defesa.
Família lamenta decisão
A decisão do júri de absolver os policiais envolvidos no caso da menina de 11 anos, identificada como Maria Cauane, que foi morta durante uma operação no Acre em 2018, gerou grande comoção na família da vítima.
Em uma manifestação de tristeza e indignação, os familiares de Maria Cauane expressaram insatisfação. A decisão gerou protestos e levantou questões sobre a resposta da justiça em situações semelhantes.
“Os policiais chegam nos cantos matando as crianças, como aconteceu com a minha filha. Mataram três pessoas e foram absolvidos. Isso é uma coisa muito injusta que fizeram com a nossa família. O cara vem relatar que os policiais vão ficar sem os familiares deles. Eu estou há seis anos sem passar o Natal com a minha filha”, disse o pai de Maria Cauane, José Carlos.
O tribunal julgou os policiais por cinco dias e concluiu a ação no último domingo (8). O julgamento aconteceu na 1ª Vara do Tribunal do Júri e Auditoria Militar da Comarca de Rio Branco.
Após o veredito, os familiares protestaram, colocando uma camisa com a foto de Cauane no chão e expressando que o resultado era inaceitável. “A camisa está aí para pisarem nela, já que ela não vale nada”, disseram.
A sogra de Gleiton Silva Borges, Ângela Maria, também se mostrou revoltada com a decisão.
“A gente esperava que a justiça fosse feita, em prol dos inocentes que foram tirados da vida, mas, no fim, quem venceu foram esses militares. Agora, tá aqui a minha neta, que eu tô criando, que é filha do Gleiton, que foi assassinado lá”, destacou.
Justiça acusa militares pela morte de três pessoas
O caso remonta a maio de 2018, quando o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar do Acre matou Maria Cauane, Gleiton e Edmilson em uma ação.
Um dos policiais disparou um tiro de fuzil e baleou a menina durante a operação. Na época, o Bope alegou que a troca de tiros ocorreu após a operação, e que a criança já estava ferida quando a equipe policial chegou ao local.
Contudo, a família da vítima contestou a versão e afirmou que a PM fez o disparo que matou Maria Cauane com um fuzil. Um laudo pericial confirmou o relato dos familiares.
Um laudo balístico, apresentado no processo, apontou que o disparo fatal veio da arma do policial Alan Martins.
Denúncia contra os policiais
A Justiça do Acre recebeu, em maio de 2019, a denúncia contra os cinco policiais militares envolvidos na morte da menina. Na ocasião, a entidade indeferiu o pedido de prisão preventiva.
Em novembro de 2019, a 1ª Vara do Tribunal do Júri ouviu 15 testemunhas durante a audiência de instrução. Após essa fase, o Ministério Público do Acre (MP-AC) solicitou a pronúncia dos réus, ou seja, o encaminhamento do caso para julgamento no júri popular.
Por outro lado, a defesa dos réus pediu a absolvição sumária de Antônio de Jesus Batista, Alan Melo Martins, Wladimir Soares da Costa e Raimundo de Souza Costa. Ademais, pediu a impronúncia de Josemar de Farias.