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Ex-mulher do irmão de Djidja expõe uso de drogas e seita familiar

Família de Djidja obrigava pessoas a usarem ketamina, afirma ex-mulher de Ademar Cardoso - Foto: Reprodução/Instagram

Família de Djidja obrigava pessoas a usarem ketamina, afirma ex-mulher de Ademar Cardoso - Foto: Reprodução/Instagram

A investigação em torno do caso que envolve a morte de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do boi-bumbá Garantido, trouxe à tona novos detalhes. Gabrielle Novo Candeira Nery, mãe de uma filha de seis anos com Ademar Faria Cardoso Neto, irmão de Djidja, prestou depoimento à polícia e revelou uma espécie de seita com uso forçado de drogas.

Gabrielle conheceu Ademar há mais de dez anos através de um primo. Na época, Ademar revelou que fazia uso de maconha, hábito que Gabrielle acabou adotando também. Após uma separação, o casal voltou a se reencontrar e, em agosto de 2023, retomou o relacionamento em segredo.

Ademar não apenas continuava a usar maconha, mas também cetamina e potenay, substâncias que Gabrielle foi incentivada a usar, segundo detalhes do depoimento que o Portal Norte teve acesso.

“Ademar me incentivava a usar as drogas que ele consumia, e a mãe dele, Cleusimar Cardoso, dizia que para frequentar a casa dela, eu deveria usar as drogas porque era o ambiente da casa, que ela chamava de um lugar de purificação,” relatou Gabrielle em seu depoimento.

Cleusimar, mãe de Ademar e Djidja, era a matriarca de uma seita familiar chamada “Pai, Mãe, Vida”. A família acreditava que Ademar era uma reencarnação de Jesus, Cleusimar era Maria, e Djidja, conhecida como Dilemar Hioimad Axbeaca, fazia parte desse núcleo central.

Prisão e investigações

Cleusimar e Ademar foram presos junto com Verônica da Costa, gerente da rede de salões de beleza Belle Femme, enquanto tentavam fugir da polícia. Eles foram encontrados na casa onde Djidja foi encontrada morta. No local, a polícia apreendeu seringas, anestésicos, medicamentos de uso controlado, frascos de cetamina, computadores e uma mala, que agora estão sob perícia.

Os detidos foram levados para o 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP) e não foram ouvidos imediatamente devido ao estado de embriaguez. A advogada de defesa, Lidiane Roque, afirmou que seus clientes necessitam de tratamento devido ao uso de drogas.

Horas após as prisões iniciais, Claudiele Santos da Silva, maquiadora no salão da família, se entregou na sede do 1º DIP acompanhada de um advogado. Ela está sendo investigada por práticas ilícitas de transmissão de doenças por meio de material contaminado e administração de substâncias. O advogado de Claudiele afirma que ela é apenas uma prestadora de serviço e busca provar sua inocência.

Marlison Vasconcelos Dantas, maquiador do salão Belle Femme, se entregou na tarde desta sexta-feira (31), em mais um desdobramento da investigação contra os familiares de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido.

No inquérito da Polícia Civil, Marlison é apontado como uma das pessoas que realizava a compra das drogas consumidas pela família e as aplicava. O advogado do homem informou que o cliente não realizava os rituais e que os fatos serão esclarecidos.

Contexto e antecedentes

Djidja, conhecida por seu papel no boi-bumbá Garantido, havia revelado meses antes de sua morte que lutava contra a depressão. A investigação policial, desencadeada após sua morte, trouxe à luz a existência do grupo “Pai, Mãe, Vida” e suas práticas com o uso de cetamina, um anestésico dissociativo conhecido por causar alucinações e euforia em doses recreativas.

A rede de salões de beleza da família era usada como ponto de distribuição de cetamina, adquirida ilegalmente em uma clínica veterinária na Zona Oeste de Manaus. O caso continua em investigação, e a polícia busca esclarecer a ligação entre as atividades da seita e a morte de Djidja.

Repercussão e homenagens

Após a morte de Djidja, a comunidade local e o Boi Bumbá Garantido prestaram suas homenagens. Durante o velório, o Boi Garantido, representado por Batista Silva, realizou um tributo emocionado, recriando o carinho que a sinhazinha demonstrava durante o Festival Folclórico de Parintins.

A Polícia Civil continua investigando o caso e, até o momento, não divulgou a causa oficial da morte de Djidja, aguardando o resultado do exame necroscópico. As investigações seguem em andamento para determinar a extensão das atividades criminosas do grupo e sua ligação direta com a morte de Djidja.

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